Moeda digital desenhada pelo Banco Central (BC) terá “stablecoins” emitidos por instituições financeiras em cima de depósitos, garantidos pela autarquia, como afirmou o presidente do BC, Roberto Campos Neto, nesta sexta-feira (30).
Segundo Campos Neto informou durante o evento “DrumWave Day”, em São Paulo, o projeto piloto deve ficar pronto no início do segundo semestre de 2023, de acordo com informações do jornal “Valor Econômico”.
“Os bancos vão criar stablecoins em cima dos depósitos. E esses stablecoins vão ser garantidos pelo Banco Central, um para um, em uma moeda digital. Então você vai ter stablecoins do banco A, B e C, todos são fundíveis, todos têm o mesmo valor e todos podem ser convertidos na moeda digital emitida pelo Banco Central”, disse Campos Neto durante o evento.
Campos disse que o objetivo é gerar movimento de tokenização, e que o real digital deveria ser criado sem afetar o balanço dos bancos. “É uma pergunta que até hoje não foi bem respondida”, comentou.
O presidente do BC também lembrou que outros reguladores falaram em limitar a conversão de moeda física para a digital, aplicando juros negativos, por exemplo, mas que ele não considerou boas soluções.
“A gente já tem um sistema que faz isso em nível não digital, que é o STR [sistema de transferência de reservas]. Basicamente o que você faria é adicionar uma nova camada de liquidação do STR no mundo digital. A vantagem é que eu já tenho regulação de depósitos, então me economiza muito tempo em termos de ter que fazer uma nova regulação”, complementou.
Além disso, Campos afirmou que a moeda digital vai gerar “uma intermediação financeira mais barata” com impacto no spread de crédito. Segundo ele, no fim das contas, é uma parceria público-privada porque os bancos vão desenvolver um pedaço da tecnologia.
Stablecoins, ou moedas digitais estáveis, são criptoativos de baixa volatilidade, que têm lastro em ativos mais seguros. No caso da moeda digital, será garantida pelo BC.