Regulação

Mudanças nas plataformas :passar responsabilidade para o usuário reduz riscos

Analistas indicam que apesar de elementos com volatilidade, a confiança do investidor permanece

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Fonte: Canva

Em vídeo publicado na terça-feira (7) o CEO (Presidente Executivo) da Meta, Mark Zuckerberg, informou que estava substituindo a política de checagem de fatos por ‘notas de usuários’ em suas plataformas. O mecanismo já vem sendo usado na rede X, de propriedade do bilionário Elon Musk. As sucessivas decisões das plataformas podem marcar o início de uma mudança nos investimentos das big techs e no setor de tecnologia.

O comportamento e política das redes sociais foram impactados por restrições na América Latina e União Europeia, a condução do segundo mandato de Donald Trump nos EUA elevou a preocupação sobre medidas protecionistas na economia e que prezam as liberdades individuais da população.

Apesar de um aparente cerco às plataformas, suas margens de lucro permanecem altas. Analistas indicam que apesar de elementos com volatilidade, a confiança do investidor permance já que fatores se referem tanto à realidade norte-americana quanto ao surgimento de novas tecnologias e concorrência.

Dosagem na regulamentação 

Wally Niz, especialista em segurança digital e tecnologia e Diretor de marketing e vendas da Navita Enghouse destaca que há uma preocupação crescente dos governos  em relação ao poder e influência das “sete magníficas”, principalmente como essa liberdade afeta a soberania das instituições. “ O caso da Cambridge Analytica mostrou o quanto o quanto uma rede social pode alterar a decisão de um eleitor ou um referendo, por exemplo, além disso, a chegada de novas tecnologias como inteligência artificial e aplicações de deep-fake podem comprometer ainda mais a integridade e segurança das informações compartilhadas”, destacou. 

Para Niz, o que aparenta ser uma preocupação exacerbada é essencial do ponto de vista de órgãos de segurança, passando inevitavelmente por uma regulação. Diego Cruz, especialista em tecnologia salienta a cautela que é necessária nos dois espectros: “ o intuito pode ser descrito como algo positivo, como impedir a propagação ou organização de crimes graves ou a propagação das famosas fake news. Porém, é preciso muito cuidado, pois facilmente pode ser aplicado limites na liberdade de expressão e junto com isto uma perseguição velada as empresas”, completa com a analogia entre remédio e veneno na dose.

Cruz também ressalta que as decisões podem indicar um momento de inflexão na área, aumentando a necessidade das empresas mudarem suas estratégias para alcançar seus públicos, já muito inchados, enquanto respeitam as limitações de diferentes jurisdições. Apesar de um desafio permanente, o técnico acredita que as empresas têm capacidade de se adaptarem mantendo sua liderança no setor, levando a  confiança do mercado.

Custo de estrutura

Em sessão do senado americano, Zuckerberg citou o risco que a influência causada pela ideologia dos membros da empresa pode impactar nos resultados de qualquer companhia. Com o amadurecimento da discussão, as empresas buscam mitigar represálias e prejuízos, principalmente nos países que possuem maior receita e público. Para Wally Niz, O caso recente da META é um exemplo, após conversa com o presidente dos EUA, depois de algumas demandas, mudanças corporativas foram realizadas de modo emergencial.

“Vale ressaltar também que existem outros fatores que impactam tais decisões como temas políticos e temas controversos (que envolvem ideologias e comportamentos) geram interesse nas redes sociais, que por sua vez aumenta o engajamento e maior tempo de exposição ao usuário, hoje esse é o principal fator para tornar sua plataforma mais relevante e ter mais anúncios, que é a principal fonte de receita de algumas Big Techs, aumentando seu valor de mercado.”, destaca o diretor de marketing.

Há ainda o custo interno de manter profissionais que serviriam como mediadores. Em sistemas automatizados e comandados por algoritmos, a inovação não aparenta estar alinhada com a presença humana. Niz ainda lembra que há um impacto no lucro de curto prazo: “ estruturas robustas para ações como checagem de dados (fact-check) e análise de conteúdo através de profissionais especializados ou parcerias com a imprensa são custosas, além de gerar responsabilidades e riscos corporativos. Passar esta responsabilidade para o usuário reduz esses custos ou riscos.”

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