Uma coisa (parece) certa no mundo das empresas de tecnologia. Os indianos estão assumindo, cada vez mais, os cargos de liderança de grandes corporações. Sundar Pichai (Alphabet Inc.), Satya Nadella (Microsoft), Leena Nair (Chanel), George Kurian (NetApp Inc.), Shantanu Narayen (Adobe Inc.), Arvind Krishna (IBM) e Parag Agarwal (Twitter) são alguns dos exemplos.
Segundo especialistas ouvidos pelo BP Money, a ida de grandes empresas globais para a Índia na década de 1990 e o aumento do investimento para formação de mão de obra voltada à tecnologia contribuem para a entrada dos indianos no mercado.
Em 2015, os indianos formavam cerca de 6% da força de trabalho do Vale do Silício, desses 6% vêm os fundadores de mais de 15% das startups locais, segundo estudo feito por Vivek Wadhwa, empreendedor indiano que faz parte do quadro acadêmico de importantes universidades americanas. Esse número representa mais do que o total de fundadores vindos da Grã-Bretanha, da China, de Taiwan e do Japão juntos,
Além disso, a pesquisa também mostra que cerca de um terço das startups em todo o território americano é lançada por indianos. Essa proporção representa muito mais do que o total de todos os sete grupos imigrantes mais numerosos no país.
Para Richard Uchoa, CEO da edtech Revvo e líder em educação corporativa do Brasil, a Índia possui uma cultura de serviços dado a grande população e a mão de obra barata.
“Então você tem uma área muito grande, que começou nos anos noventa, principalmente na parte de telemarketing e, com o fenômeno da globalização, muitas empresas americanas e, posteriormente, europeias, foram para a Índia para terceirizar call center. E começou a criar essa cultura de ser um país baseado em serviços”, disse.
Índia investe na formação de profissionais de tecnologia
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Segundo Uchoa, isso fez com que o país investisse na formação de novos profissionais.
“A partir daí, a índia começou a investir muito em educação. Criando institutos e faculdades na área de tecnologia. Quando eles viram que o país tinha uma vocação para área de serviços, tentaram identificar qual serviço que agregaria mais qualidade, mais valor e, a escolhida foi a área de tecnologia, então você começou a ter muito investimento nessa área, existe o IIT (Indian Institute of Technology) por exemplo, além outras instituições que começaram a ensinar os indianos a programar, a desenvolver software e etc”, afirma.
Uchoa reforça como a Índia se tornou um lugar bem propício para se desenvolver empresas de tecnologia. “Você desperta esse interesse do empreendedor local e é o que tem acontecido na Índia. O país vem despertando muito áreas de tecnologia e, como você já tem boas instituições acadêmicas nessa área, muita gente desenvolvendo formações na área de tecnologia, o local se torna bem propício para você desenvolver empresas de tecnologia e conseguir impulsioná-lo como um dos maiores mercados de tecnologia do mundo”, diz.
Para o especialista, a entrada dos indianos no mercado ocorre em meio a um vácuo de lideranças nos EUA.
“E, nos EUA, que não tem um sistema de educação tão forte, você acaba tendo déficit de desenvolvedores, déficit de estudantes que vão pra área de tecnologia, quando vão, são super bem sucedidos, você tem muita gente boa nos EUA, sem dúvida, boas faculdades, etc, mas, é um país, em termos de população, menor, e a Índia tem muito mais gente, quando você pega um programador na Índia, apesar dele receber muito menos nos EUA do que um americano, ele ganha muito comparado com o resto da sua população”, acrescenta.
“Já na Índia, meio que a área de tecnologia e a área de serviço acabou se tornando a grande forma de você ter essa ascensão social. Então, isso explica um pouco o fenômeno de porquê que a Índia vem se destacando na área de tecnologia. Isso tem a ver com políticas lá atrás de investir fortemente para desenvolver essa indústria, é quando você acaba tendo várias pessoas. Com muita gente na área de tecnologia, você vai destacar grandes líderes. Então, o motivo de ter grandes CEOs tem tudo a ver com o forte investimento na área.”
