Tecnologia

X/Twitter: queda de usuários e receita 1 ano após compra por Musk

Empresa deve fechar 2023 gerando US$ 3,31 bilhões de receita, 30% a menos que ano passado

Perda de usuários ativos e queda de receita com campanhas publicitárias. Este é o saldo do X, antigo Twitter, um ano após a compra da plataforma pelo bilionário Elon Musk, que pagou US$ 44 bilhões para adquirir a rede social.

A empresa deve fechar 2023 gerando US$ 3,31 bilhões com campanhas publicitárias, sua principal fonte de receita, segundo dados da consultoria alemã Statista. O resultado representa uma queda de 30% ante a receita de US$ 4,73 bilhões obtida no ano passado. As informações são do “Valor”.

A partir deste ano, a consultoria projeta um recuo sequencial da receita do antigo Twitter com publicidade, pelo menos até 2027, quando o resultado deve somar US$ 2,7 bilhões.

Segundo a consultoria, o volume de usuários da rede social também inicia uma trajetória de queda a partir de 2023, com projeção de recuo de 2,7% no volume de usuários em relação a 2022, quando houve crescimento de 2% em base anual, mostram dados da consultoria eMarketer.

Em 2024 e 2025, a eMarketer projeta quedas mais acentuadas na base de usuários, de 4,1% e 4,9%, respectivamente. Já concorrentes com bases maiores de seguidores, como Facebook e Instagram, da Meta, e TikTok, da ByteDance, têm projeções de aumento no volume de usuários para os próximos três anos.

“Um ano após a aquisição do Twitter, Musk não conseguiu realizar nenhuma melhora significativa na plataforma e não está perto de alcançar a visão de criar um ‘aplicativo de tudo’”, disse Jasmine Enberg, diretora de análises da consultoria de mercado Insider Intelligence.

Na avaliação da especialista, “as feridas do X foram quase que inteiramente autoinfligidas” referindo-se ao tratamento dado por Musk à plataforma como uma empresa de tecnologia, em vez de uma rede social alimentada por pessoas e receita com publicidade, o que gerou o êxodo de anunciantes, declínio de usuários e de seu lugar como um centro para notícias.

“A demissão de funcionários antigos e de confiança do Twitter, que poderiam ter ajudado a evitar alguns dos problemas, agravou ainda mais a crise”, observa Enberg.

Poucos dias após anunciar a aquisição do então Twitter, Musk demitiu metade de seus funcionários no mundo todo e os cortes tiveram continuidade. Em janeiro, segundo uma reportagem do site CNBC, a empresa havia reduzido o contingente em 80%, para 1.300 colaboradores.

Twitter Blue

Em abril, a rede social contava com 640 mil assinantes pagos desde fevereiro, quando Musk anunciou o plano de assinatura “Twitter Blue”, incluindo a cobrança por verificação de autenticidade de perfis na plataforma. O volume divulgado pela Statista, com base em um levantamento do site especializado Mashable, representa 0,16% da base de 397,24 milhões de usuários do antigo Twitter.

A diretora de análises da Insider Intelligence afirma duvidar da recuperação da plataforma pela proposta de modelos de assinatura paga.

“O X deve encontrar uma nova proposta de valor atraente e reconquistar a confiança do consumidor, a fim de convencer um número suficiente de pessoas a pagar por uma plataforma anteriormente gratuita, cujo passado recente está marcado por erros e cujo futuro não está claro”, concluiu Enberg.

Cobrança para todos os usuários

Elon Musk ainda estaria estudando a cobrança para todos os usuários do X para a utilização do serviço. A ideia foi revelada durante uma conversa entre Musk e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, transmitida ao vivo pelas redes sociais, em setembro.

Segundo o bilionário, a medida seria uma das formas de combater os chamados “bots” – programas de software que executam tarefas automatizadas, repetitivas e pré-definidas, geralmente imitando ou substituindo o comportamento do usuário humano.

Atualmente, o X tem um serviço de assinatura denominado X Premium, que oferece serviços exclusivos, entre os quais a verificação das contas com o famoso selo azul da plataforma. A ideia seria replicar esse modelo para todos os usuários.

“A razão mais importante pela qual estamos mudando para um pequeno pagamento mensal pelo uso do sistema X é que é a única maneira que consigo pensar para combater vastos exércitos de bots”, disse Musk na conversa com o premiê israelense.

O dono do X não detalhou como seria a cobrança de uma eventual assinatura para todos os usuários, mas falou em uma “pequena quantia”.

Segundo Musk, a cobrança de um pagamento mensal faria com que os criadores de bots tivessem de usar um método diferente sempre que quisessem acessar o X. Assim, os custos se tornariam muito altos para quem desejasse criar vários bots.