A riqueza inundou a capital portuguesa

Banqueiros disputam por estrangeiros milionários em Lisboa

A presença crescente de novos moradores abastados tem gerado uma intensa disputa para o gestor português, Bruno de Carvalho

Foto: unsplash
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Recentemente, houve uma transformação notável na cena gastronômica de Lisboa. Antigamente, refeições em restaurantes portugueses tradicionais no centro da cidade custavam cerca de € 8 (aproximadamente R$ 46). 

No entanto, hoje em dia, esses estabelecimentos deram lugar a restaurantes sul-americanos especializados em tapas e ceviche, onde um menu degustação pode custar quase 10 vezes mais.

Essa mudança não é apenas gastronômica; ela reflete uma evolução mais ampla na prosperidade e no estilo de vida da capital portuguesa. 

Observa-se essa tendência entre os estrangeiros de alta renda que se mudam para a cidade, atraídos pelas praias deslumbrantes, benefícios fiscais e pelo programa de golden visa.

Apesar das alterações nos incentivos fiscais, ainda há oportunidades atrativas para indivíduos com patrimônio considerável, o que continua impulsionando a migração de expatriados abastados para Lisboa.

A presença crescente de novos moradores abastados tem gerado uma intensa disputa para o gestor português, Bruno de Carvalho. A entrada de bancos rivais especializados em gestão de fortunas está agitando o mercado e iniciando uma disputa por talentos.

Este ano, empresas como Indosuez Wealth Management, uma divisão de riqueza do Crédit Agricole, e Union Bancaire Privée (UBP), com sede na Suíça, estabeleceram escritórios na cidade, aumentando a concorrência.

Além disso, o grupo Julius Baer, de Zurique, planeja sua expansão para Lisboa no próximo ano, conforme informações da Bloomberg News.

A disputa no mercado de gestão de patrimônio em Lisboa

Há cerca de 25 anos, quando Carvalho e sua equipe pioneira estabeleceram as operações do Edmond de Rothschild em Portugal, seus principais rivais eram os bancos nacionais que também ofereciam serviços de gestão de patrimônio.

Naquela época, a maior parte da riqueza estava concentrada em alguns clãs locais notáveis. Entre eles estavam a família Amorim, com interesses que iam do petróleo à cortiça; a família Soares dos Santos, controladora da varejista Jerónimo Martins; e a família Mello, com participações em várias empresas, incluindo a operadora de rodovias Brisa.

No entanto, o cenário competitivo mudou drasticamente. Agora, escritórios de muitos novos bancos surgem ao longo da avenida da Liberdade, um boulevard repleto de lojas de luxo e restaurantes que é considerado a Champs-Elysées de Lisboa.

Esses novos concorrentes disputam espaço não só com os bancos portugueses e espanhóis, mas também com os brasileiros, como o BTG Pactual (BPAC11), que já estabeleceram presença local.

Com essa expansão, grupos como o Edmond de Rothschild e a AlTi Tiedemann Global, dos EUA, que também possui um escritório em Lisboa, estão aumentando o número de seus consultores. Esse movimento está provocando uma acirrada competição por talentos em um mercado onde a oferta de private bankers é limitada.

Mercado imobiliário também segue aquecido

A riqueza inundou Lisboa, antes um mercado imobiliário periférico com prédios antigos, transformando-a em um dos mercados mais dinâmicos da Europa. No entanto, esse boom tem impactado negativamente as famílias locais, forçadas a se afastarem do centro da cidade.

De acordo com um relatório de 2023 do Instituto Nacional de Estatística, estrangeiros estão dispostos a pagar mais que o dobro do preço oferecido por compradores locais por uma propriedade em Lisboa.

Os melhores restaurantes da cidade têm reservas disputadas, e as listas de espera para escolas internacionais se estendem por anos. O interesse se estende também a lugares antes tranquilos, como Comporta e Melides, agora também alvo de investimentos. Christian Louboutin, renomado estilista francês, inaugurou recentemente um hotel cinco estrelas em Melides, a cerca de 120 quilômetros ao sul de Lisboa.

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