Protagonismo

Brasil pode assumir liderança ambiental no Fórum Econômico de Davos

Missão do governo e empresas é apresentar um caminho viável para o investimento sustentável e cooptar os principais agentes mundiais

Fonte: Ciaran McCrickard/Fórum Econômico Mundial
Fonte: Ciaran McCrickard/Fórum Econômico Mundial

A edição de 2025 do Fórum Econômico de Davos está sendo marcada pela guinada dos EUA as propostas de Donald Trump, a fragmentação de domínios geopolíticos (conforme relatório emitido pelo fórum) e uma ausência da delegação brasileira, tendo com seu único representante o ministro de Minas e Energias, Alexandre SIlveira, que embarcou para Davos na noite de segunda-feira (20) após reunião ministerial com o presidente Lula.

Marcada por negociações das maiores economias do mundo, o evento marca uma oportunidade para grandes empresas e representantes fazerem conexões,traçarem planos e colaborarem para o desenvolvimento de seus principais ativos. A pauta principal desta edição é  a “Colaboração para a Era Inteligente”.

Para Roberto Gonzalez, consultor de governança corporativa, o Brasil voltou a assumir o protagonismo de uma agenda ambiental. A missão do governo e empresas é apresentar um caminho viável para o investimento sustentável e cooptar os principais agentes mundiais preocupados em ter essa responsabilidade ambiental como parte da sua estratégia de investimentos. “ os investidores podem ter no Brasil um lugar para aportar recursos que atendam essa necessidade, esse anseio e esse desejo dos investidores”, afirma.

Brazil House

Essa edição marca a primeira vez que o Brasil terá uma “embaixada” em Davos, chamada de Brazil house, o espaço busca concentrar propostas e grandes nomes do mercado brasileiro que procuram fazer negócios durante o fórum. Para analistas, esse é o momento em que o país precisa mostrar  seus principais ativos e assumir um papel de liderança nas áreas que se propõe. A intenção é abrir o mercado, porém delimitando que a parceria deve se dar na égide de um crescimento nacional. 

Gianluca Di Mattina, da Hike Capital, salienta o otimismo do governo em relação aos resultados sociais e econômicos dos últimos dois anos: O Brasil deve assumir um viés de abertura ao investidor externo, destacando avanços em setores como agronegócio, energia renovável e transição energética, ao mesmo tempo em que tenta mitigar a maior preocupação sobre a sustentabilidade fiscal e governança.”, reforçou.

Apesar das sinalizações do presidente Trump, os acordos internacionais apontam para uma inevitável transição energética. Sendo um dos principais alvos de empresas como BYD e General Motors, além de ostentar algumas das maiores reservas de recursos naturais, “o Brasil quer enfatizar que é um player fundamental na transição energética.”, como destaca Fabio Louzada, economista da Eu me banco. “O espaço também é uma oportunidade de reposicionar a imagem do Brasil como um país em sintonia com as tendências globais, destacando reformas estruturais.”, comentou.

Abordagem diferenciada

Segundo Marcello Rodante, especialista em Políticas Públicas e Mudanças do Clima, a ampliação da exploração de petróleo, como ocorre em alguns setores brasileiros, deve ser cuidadosamente equilibrada com o compromisso de liderar a transição energética. “O Brasil tem argumentos sólidos para assumir esse papel: além de sua matriz energética renovável, o país lidera iniciativas como o mercado de REDD+ jurisdiccional e tem potencial para ser uma referência global em créditos de carbono. Esses elementos posicionam o Brasil como um modelo híbrido, capaz de atender à demanda energética global enquanto avança com soluções sustentáveis”.

Contudo, essa contradição entre exploração e defesa ambiental deve ser abordada de forma pragmática na visão do especialista. Ao que indicam os especialistas ouvidos pela reportagem, há uma preocupação não apenas do governo, mas também das companhias nacionais em bolsa para valorizarem suas ações, alinhando suas metas a pilares ESG sigla do inglês que faz referência a governança ambiental, social e corporativa.

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