
O final de semana trouxe uma crise política para o presidente da Argentina, Javier Milei, após a promoção da criptomoeda Libra (LIBRA). Em menos de 48h, foram protocolados mais de 100 pedidos de impeachment, de acordo com os jornais “La Nación” e “Página 12”.
Milei ajudou a promover a criptomoeda através de uma postagem no X, antigo Twitter, na última sexta-feira (14).
“A Argentina Liberal cresce. Este projeto privado se dedicará a incentivar o crescimento da economia argentina, financiando pequenas empresas e empreendimentos argentinos. O mundo quer investir na Argentina”, dizia a postagem, que também tinha um link direto para o projeto “vivalalibertadprojetc.com” e o nome da moeda digital.
No entanto, a criptomoeda LIBRA é “token de propósito”, segundo o portal.
“Como um símbolo deste movimento e em homenagem às ideias libertárias de Javier Milei, estamos lançando o token LIBRA, projetado para fortalecer a economia argentina a partir da base, apoiando o empreendedorismo e a inovação. Com este token, pretendemos canalizar o financiamento de forma eficiente e descentralizada, permitindo que investidores e cidadãos participem do crescimento da Argentina”, diz, segundo o “Money Times”.
A distribuição do token é de 20% em caixa, de acordo com o jornal, outros 30% em liquidez e 50% “no crescimento da Argentina”, sem especificar exatamente o que isso quer dizer.
O ativo teve uma valorização superior a 90%, com o protocolo acumulando um valor de mercado da ordem de US$ 1,8 bilhão no ápice das negociações. Porém, pouco tempo depois o projeto devolveu os ganhos, o que causou perdas a milhares de investidores.
Conforme a primeira feita contra o presidente Milei, a estimativa é que mais de 40 mil pessoas tenham sido afetadas, em um esquema de rug pull (“puxada de tapete”, quando uma moeda é artificialmente valorizada e depois desvalorizada rapidamente) que teria levado mais de US$ 4 bilhões.
O histórico das denúncias contra Milei
O economista Claudio Lozano, líder do partido Unidad Popular foi o primeiro a fazer uma denúncia contra Milei ao tribunal. Haverá um sorteio do juiz responsável pelo caso nesta segunda-feira, segundo o “Money Times”.
Além disso, advogados e especialistas afirmaram, em outra denúncia, que Milei participou da “maior mega fraude da história nesse setor”, realizada “por meio de uma operação conhecida como rugpull”.
Em paralelo a isso, os denunciantes também pediram que as autoridades judiciais adotem “medidas cautelares de proteção de provas”, incluindo uma “busca e apreensão na Presidência da Nação para confiscar todos os equipamentos eletrônicos (computadores, telefones, tablets, laptops), conforme o documento.
Eles solicitaram ainda que se “identifique e realize buscas nos domicílios dos denunciados e das empresas envolvidas”.
Como ainda não há um processo judicial formal em andamento, não se sabe ao certo qual o futuro de Javier Milei à frente da presidência argentina.