Embora o Brasil tenha adotado uma postura cautelosa até agora em relação às eleições na Venezuela, na última quinta-feira (15) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva endureceu o discurso ao afirmar que seu governo ainda não reconhece a reeleição de Nicolás Maduro.
Lula afirmou que Maduro precisa “dar uma explicação ao mundo” devido às suspeitas que envolvem o processo eleitoral. Durante uma entrevista à Rádio T, no Paraná, Lula sugeriu a possibilidade de uma nova eleição com supervisão internacional.
“O Maduro tem seis meses de mandato ainda. Se ele tiver bom senso, poderia conclamar o povo, quem sabe convocar novas eleições”, declarou Lula, reconhecendo uma “deterioração” nas relações com o governo venezuelano. “A legitimidade do resultado é o que permitiria que a gente brigasse contra as sanções à Venezuela”, acrescentou.
EUA rejeitam nova eleição na Venezuela e adiam telefonema a Lula
Ao ser questionado pela repórter Anita Powell, da “Voice of America”, sobre seu apoio à realização de uma nova eleição na Venezuela, o presidente dos EUA, Joe Biden, respondeu afirmativamente: “Sim” (“I do”).
Logo após, um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca fez questão de “esclarecer” o que o presidente americano quis dizer.
“O presidente estava falando sobre o absurdo de Maduro não ter sido claro sobre eleições. Está abundantemente claro para os EUA, e para um grande número de países, que Edmundo González ganhou a maioria dos votos”, afirmou.
“Os EUA pedem novamente que a vontade do povo venezuelano seja respeitada e que as discussões sobre uma transição comecem”completou.
O assessor internacional da Presidência, Celso Amorim, mal havia concluído seu depoimento na Comissão de Relações Exteriores do Senado quando surgiu o impasse com o governo americano.
Esse desencontro acabou por adiar o telefonema entre o presidente dos EUA, Joe Biden, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Durante seu depoimento de 2h30, Amorim afirmou que a ligação entre os dois líderes ocorreria naquele dia ou, no mais tardar, na sexta-feira (16).
No entanto, ao final da tarde, após os esclarecimentos da Casa Branca, a expectativa de um telefonema foi adiada para depois da convenção democrata, que se encerra na próxima quinta-feira.