As eleições presidenciais dos EUA, previstas para novembro, têm sido um ponto de grande debate entre investidores e economistas. Com dois candidatos praticamente empatados nas pesquisas, o mercado financeiro global se mantém atento às possíveis implicações que a vitória de cada um poderia trazer, especialmente no que tange à volatilidade e às futuras políticas econômicas. No entanto, não há um consenso claro sobre qual candidato seria mais favorável para o mercado.
Ao BP Money, Hulisses Dias, especialista em finanças e investimentos, explica que o cenário eleitoral atual nos EUA é marcado por uma incerteza, com pesquisas apontando um empate técnico entre os candidatos.
“Essa indefinição gera apreensão nos investidores, que tentam calcular as possíveis consequências das políticas econômicas de ambos os lados, principalmente em áreas como comércio, tarifas e relações internacionais,” aponta.
A incerteza também se reflete no comportamento dos índices financeiros, com o S&P 500 atingindo um de seus maiores níveis históricos em ano eleitoral.
“Embora o cenário seja incerto, historicamente este tem sido um dos anos de maior retorno para o índice,” completa Dias.
Volatilidade e possíveis impactos
Em relação à volatilidade do mercado durante o período eleitoral, os investidores estão cientes dos possíveis efeitos das políticas de ambos os candidatos.
De acordo com Dias, um dos maiores fatores de preocupação é a possibilidade de aumentos tarifários, especialmente no caso de Donald Trump.
“Se Trump vencer, a incerteza sobre a imposição de novas tarifas pode prejudicar as exportações e aumentar os preços globais, afetando diretamente o comércio internacional,” alerta.
Por outro lado, a vitória de Kamala Harris também traz preocupações, principalmente com relação ao aumento de impostos.
“O mercado questiona se o aumento da arrecadação seria suficiente para equilibrar os gastos, o que poderia agravar a dívida pública e gerar instabilidade econômica,” explica o economista.
Imprevisibilidade do voto nos EUA
Outro ponto importante destacado nas entrevistas foi o caráter particular das eleições americanas, que tornam o resultado ainda mais imprevisível.
Bruno Corano, economista da Corano Capital ressalta à reportagem que fatores como o voto não ser obrigatório, a ausência de feriado eleitoral e o sistema de colégios eleitorais aumentam a incerteza sobre o resultado.
“Grupos como mulheres, jovens e negros serão determinantes nesta eleição, mas ainda é difícil prever como será a participação deles no dia do voto,” afirma.
Corano ainda destaca que, apesar das incertezas, o mercado financeiro está relativamente tranquilo. “As instituições americanas são fortes e consolidadas. Não há grandes temores de instabilidade política, independentemente de quem vencer,” acrescenta.
Setores beneficiados por cada candidato
A vitória de qualquer um dos candidatos traria impactos distintos para setores econômicos específicos. Segundo Hulisses Dias, uma possível vitória de Donald Trump beneficiaria setores como financeiro, petróleo e gás, devido à menor regulamentação e incentivos à exploração de combustíveis fósseis.
Além disso, criptomoedas e empresas de fabricação doméstica também poderiam ver benefícios com políticas protecionistas.
Já Kamala Harris, de acordo com Dias, impulsionaria setores como infraestrutura, energia renovável e habitação social. “A indústria farmacêutica e o setor de tecnologia também seriam beneficiados por incentivos fiscais e políticas voltadas para inovação,” complementa o especialista.
Apostas para o dólar
Fernando Fenolio, economista-chefe da WHG, reforça que as eleições também podem influenciar diretamente o valor do dólar.
“Se Trump vencer, o dólar deve subir, mas, no caso de Kamala, é possível que a moeda americana perca força,” prevê Fenolio, baseado em modelos de probabilidade e médias de pesquisa.
Ele ainda menciona que as flutuações no favoritismo dos candidatos são constantes, com o Trump recuperando espaço após debates, mas com a Kamala Harris ainda se mantendo à frente nas pesquisas.