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123 Milhas: CPI das pirâmides pede condução coercitiva dos sócios

Eles deveriam ter comparecido à audiência de ontem, mas não foram; defesa alegou problema de agenda

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga pirâmides financeiras com criptomoedas informou na noite desta quarta-feira (30) que solicitou à Justiça a condução coercitiva dos sócios da 123 Milhas, Ramiro Júlio Soares Madureira e Augusto Júlio Soares Madureira.

Os sócios da 123 Milhas e irmão deveriam ter marcado presença na Câmara dos Deputados na audiência na quarta-feira (30), com o intuito de esclarecer a suspensão da emissão de passagens e pacotes da linha promocional, que prejudicou milhares de brasileiros com viagens para o final deste ano. Vale destacar que esta é a segunda vez que os sócios da empresa faltam. 

Nesse sentido, a defesa dos empresários alegou que eles não puderam comparecer porque tiveram uma reunião no mesmo horário no Ministério do Turismo.

De acordo com o presidente da CPI, deputado federal Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), o novo depoimento dos sócios foi agendado para o dia 6 de setembro, às 10h.

Os parlamentares autorizaram a convocação dos irmãos, na condição de testemunhas, além da quebra do sigilo bancário dos dois, na semana passada.Eles chegaram a entrar com um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar se livrar do comparecimento, assim como fizeram os atores Tatá Werneck e Cauã Reymond, mas não conseguiram.

123 Milhas tem prejuízo de R$ 1,671 bi no 1S23

A 123 Milhas registrou perda bilionária no primeiro semestre de 2023. Nos primeiros seis meses deste ano, a companhia teve prejuízo líquido de R$ 1,671 bilhão, ante R$ 13,134 milhões no mesmo período do ano passado.

Os dados constam do balanço da companhia, entregue junto com o pedido de recuperação judicial, protocolado na Justiça de Minais Gerais na terça-feira (29), que foi obtido pelo Broadcast / Estadão.

Na peça, a companhia informa ter tido receita líquida de R$ 148,494 milhões, crescimento de 30% em relação ao mesmo período de 2022. Porém, os custos da empresa também subiram mais de 15 vezes em um ano, para R$ 825,594 milhões.

Adicionalmente, a 123milhas teve perda, no primeiro semestre deste ano, de R$ 818,582 milhões por desvalorização de ativos, como por exemplo o item contas a receber de clientes. Combinados, os fatores levaram à perda registrada nos primeiros seis meses do ano.

A companhia afirma que os problemas do produto Promo, que teve as viagens programadas para o período entre setembro e dezembro suspensas há algumas semanas, impactaram o valor dos ativos. “Em nova análise e mensuração de tal ativo, os valores de recuperabilidade mostraram-se muito abaixo da expectativa anterior, os quais foram ajustados para que reflitam a nova realidade do negócio”, diz a companhia.

Segundo a 123milhas, até o fechamento do balanço, não foi possível mensurar com precisão os passivos contingentes (aqueles relativos a eventos futuros) relacionados ao pacote Promo.

O balanço aponta ainda que entre dezembro do ano passado e junho deste ano, o patrimônio líquido da 123milhas saiu de R$ 5,8 milhões negativos para R$ 1,676 bilhão negativo. A maior variação foi na conta de contratos a embarcar, referentes a passagens compradas pelos clientes e que ainda precisavam ser honradas.

O montante nessa linha que a empresa tinha de honrar em até um ano somava R$ 774,269 milhões em junho, alta de mais de seis vezes em um semestre. O volume a honrar mais de 12 meses à frente era de R$ 260,056 milhões, alta de mais de três vezes no mesmo período.