Ramiro Madureira, sócio e administrador da 123 Milhas, afirmou nesta quarta-feira (6) que o grupo precisou demitir cerca de 1,1 mil a 1,2 mil trabalhadores por causa da crise financeira que acometeu a companhia.
Em depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Câmara dos Deputados sobre pirâmides financeiras com criptoativos, Madureira disse que a empresa já enfrentou outras dificuldades antes dos problemas com as passagens “promo”.
“Antes do promo, tivemos algumas outras perdas de receitas não esperadas na 123milhas”, disse. Entre esses problemas estavam a atuação das companhias aéreas para dificultar a emissão de milhas, antecipação de recebíveis que antes era 0,3% ao mês passou para 1,5% e “a malha aérea muito apertada” que não deu margem para negociação com milhas.
123 Milhas: juiz proíbe que donos deixem o Brasil
A Justiça Federal proibiu que os donos da 123Milhas, Ramiro e Augusto Madureira, saiam do País. A decisão foi proferida na última sexta-feira (1º), pela 3ª Vara Federal Criminal de Belo Horizonte.
A decisão do juiz Edison Grillo atendeu a um pedido do deputado Áureo Ribeiro (Solidariedade), que preside a CPI das Pirâmides Financeiras, e tem validade até as 23h59 (de Brasília) da próxima quarta-feira (6), data em que os irmãos deverão prestar depoimento, sob risco de condução coercitiva.
Em seu despacho, o magistrado escreveu que Ramiro e Augusto foram convocados para prestarem depoimento na CPI como testemunhas e assim têm o dever jurídico só de comparecimento “não lhes sendo facultada a prerrogativa de a seu bel-prazer escolherem data de apresentação, pois, senão, eles teriam o condão de frustrar e dificultar as atividades investigativas da Comissão Parlamentar de Inquérito”.
Ribeiro também havia pedido à Justiça que determinasse a apreensão dos passaportes dos sócios da 123Milhas, mas Grillo negou a solicitação.
A CPI das Pirâmides Financeiras está investigando indícios de fraude de empresas de serviços que prometem gerar patrimônio por meio de criptomoedas. Para o presidente da comissão e para o relator, deputado Ricardo Silva (PSD), o negócio é parecido com um esquema de pirâmide financeira.
“A atuação da 123Milhas em muito se assemelha aos casos de pirâmides financeiras, em que são necessários cada vez mais recursos para realizar a sua manutenção, e a tendência é o colapso do esquema e a ruína dos participantes, que, muitas vezes de boa-fé, realizaram as suas compras e jamais recuperarão os seus recursos”, disse Ribeiro.