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123 milhas: relator denuncia fraude contábil e esquema de pirâmide

O relator diz que a empresa maquiou a contabilidade com contas bancárias familiares

O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Pirâmides Financeiras disse que a 123 Milhas utilizou contas bancárias de familiares e empréstimos para maquiar contabilidade e esconder rombo financeiro.

Além disso, o relator, deputado Ricardo Silva (PSD-SP), afirmou nesta segunda-feira (9), que a 123 Milhas pode ter criado promoção de passagens baratas (“linha promo”) apenas com o intuito de criar um esquema de pirâmide financeira para se manter de pé.

“É possível que a Linha Promo tenha funcionado como um esquema de pirâmide/esquema ponzi, em que o valor obtido com novas compras era utilizado para emitir passagens de clientes mais antigos e, claro, enriquecer os sócios, até o esquema ruir”, disse Silva.

O legislador solicitou o indiciamento de oito indivíduos relacionados à alegada fraude, incluindo os irmãos Ramiro Júlio Soares Madureira e Augusto Júlio Soares Madureira, que são os sócios-fundadores da empresa.

A empresa 123Milhas chamou a atenção da CPI em agosto, quando interrompeu a emissão de bilhetes aéreos e, posteriormente, apresentou um pedido de recuperação judicial. As pessoas em questão enfrentam acusações que englobam uma série de crimes, incluindo estelionato, gestão fraudulenta, participação em organização criminosa e lavagem de dinheiro.

Uma investigação conduzida pela CPI, com auxílio da Polícia Federal e do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), revelou a alocação de uma “quantia bilionária” em recursos destinados à publicidade para uma agência de capital social surpreendentemente baixo, registrada com um valor de apenas R$ 10 mil, descobrindo-se posteriormente que a agência estava registrada em nome do pai dos sócios Ramiro e Augusto Soares Madureira.

Relatório da CPI

O relatório da CPI, que será concluído na próxima quarta-feira (11), destacou igualmente os “múltiplos empréstimos” adquiridos pela 123 Milhas durante o período em que os sócios já estavam manipulando as informações financeiras da empresa, especialmente em relação ao Banco do Brasil.

“Dezenas de milhões de reais foram disponibilizados à 123 Milhas e acabaram desviados”, afirma o relatório.

O pedido de indiciamento feito pelo relator da CPI é feito na forma de recomendação ao Ministério Público Federal, que é responsável por decidir pela abertura dos inquéritos.

Confira a lista de nomes para sugestão de indiciamento pelo MPF:

  • Ramiro Júlio Soares Madureira;
  • Augusto Júlio Soares Madureira;
  • Cristiane Soares Madureira do Nascimento;
  • Tania Silva Santos Madureira;
  • Larissa Rodrigues Garcia Goulart Ferreira;
  • Antônia Cristina Soares Madureira;
  • José Augusto Madureira;
  • Rogério Júlio Soares Madureira.