2T23 da Petrobras (PETR3): especialistas crêem em mercado animado

O BP Money ouviu dois especialistas para avaliar o cenário da petroleira e o que esperar dos resultados que serão divulgados nesta quinta-feira (2)

Dando prosseguimento à temporada de balanços do segundo trimestre de 2023 (2T23), a Petrobras (PETR3; PETR4) divulgará nesta quinta-feira (3), após o fechamento de mercado, os resultados do seu desempenho nesse período. As expectativas em relação ao resultado da petroleira estão muito divididas, sendo assim, para entender o que esperar da petroleira, o BP Money ouviu três especialistas do mercado. 

Para o especialista em crédito internacional e CEO da Inteligência Comercial e Country Manager da Savel Capital Partners, Luciano Bravo, existe uma perspectiva de melhora na atuação da Petrobras no 2T23. “Até porque, a petroleira adotou uma nova política de preços, e vai obviamente compensar isso com operações de compra e venda de combustível a nível internacional”, explicou o especialista. 

Bravo ainda destacou que acredita que a Petrobras irá manter o mercado animado, principalmente pela contínua demanda de combustível fóssil, visto que ela é a única no Brasil. “Com certeza, apesar do recuo da atividade econômica, nosso consumo segue sendo suportado pela Petrobras. Portanto, ela continuará sendo uma empresa muito bem valorizada”, afirmou. 

Por outro lado, a analista política e econômica pela FGV, Carol Curimbaba, a expectativa não está alta no mercado especialmente por ruídos políticos, “quando uma ala do PT demonstrou interesse em mudar parte da diretoria da empresa na semana passada e indicar Guido Mantega para ser diretor-presidente, levando a uma repercussão extremamente negativa do mercado, gerando resultados negativos de pares internacionais de petróleo impactam, enquanto aumenta pressão por reajuste de preços pela estatal”, afirmou Carol.

Além disso, a analista política destacou que as outras companhias do setor de petróleo ao redor do mundo estão divulgando resultados negativos por conta da queda do petróleo.

Outro ponto que o especialista citou, foi o fato de que recentemente vamos ter acesso ao plano de aceleração do crescimento, e na sua visão, ass obras estruturantes que impactam na melhoria da logística e até mesmo algumas que impactam nas operações da Petrobras serão contempladas. “Eu vejo que a petroleira tem pela frente um cenário otimista e animador”, afirmou Bravo.

Além disso, a analista política destacou que as outras companhias do setor de petróleo ao redor do mundo estão divulgando resultados negativos por conta da queda do petróleo.

Queda na Exploração e Produção de petróleo

O especialista afirmou que, mesmo com a Petrobras apresentando uma pequena queda na exploração de produção de petróleo, não enxerga isso como uma preocupação. “Até porque, a companhia que detém um forte viés de governo, está em um processo de adequação ao governo Lula”, explicou. 

“A Petrobras hoje está mais forte no reflexo do governo dentro das suas tomadas de decisão, e com certeza, mesmo com essa pequena queda, isso não deve impactar ou preocupar os resultados dela no 2T23”, destacou Bravo.

Refinaria da Petrobras

No relatório da prévia de resultados da Petrobras, observamos um crescimento interessante, em que o volume de produção no refino cresceu quase 10% no trimestre, por conta do aumento do fator de utilização do parque de refino, que subiu de 85% para 93% no trimestre, o maior nível desde 2015. 

O especialista destacou que, no Brasil nós não temos praticamente refinaria, o que na sua visão, é um erro estratégico para a Petrobras. No entanto, Bravo afirmou que esse crescimento se mostra interessante, inclusive porque, com o dólar ligeiramente mais baixo e a balança comercial dando superávits consecutivos, com esse ligeiro crescimento do refino, pode favorecer as contas da Petrobras, afirmou. 

“O crescimento do refino sempre anima os acionistas, até porque estamos falando em aumentar a receita, onde a Petrobras detém a melhor margem de lucro que é a venda do produto acabado”, destacou Bravo, em relação aos acionistas. 

“No entanto, na minha opinião, é muito cedo para entender se a Petrobras vai cobrir a agenda do governo subsidiando o petróleo como já ocorreu no passado, isso é um dado que não temos prever”, pontuou o especialista. 

Nova política de preços

Em suma, a analista política recordou que, desde a mudança do governo com a posse de Lula e, por consequência, alteração na presidência da companhia, a estratégia de atuação para os próximos anos, definida pelo Conselho administrativo, foi revisada.

Nesse sentido, Carol afirmou que nos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro, a Petrobras se viu em uma fase de recuperação da saúde financeira com redução de investimentos em áreas não consideradas core, bem como refino, e foco no que era dito como o principal da empresa, extração de óleo e gás.

“Hoje a petroleira abandonou a política de preços internacional (PPI) e passou a precificar com uma visão mais complexa, absorvendo as variações de custos regionais e outras variáveis muito abertas, o que torna a percepção e previsibilidade muito instável para o mercado, além, de reduzir a transparência”, explicou a analista política. 

Nova política de dividendos

Na última sexta-feira (29), o Conselho de Administração Petrobras comunicou ao mercado a aprovação da sua nova política de dividendos. Agora, o provento trimestral da estatal estabelecido será de 45% de seu fluxo de caixa livre, abaixo dos atuais 60%, isso quando a dívida bruta da empresa estiver abaixo de US$ 65 bilhões.

“A política de dividendos é boa para o Brasil, mas não tão boa para os acionistas”, afirmou Bravo. “Eu vejo que é uma forma de compensar isso, seria o aumento de performance da Petrobras, que a principio é bem dificil de enxergar nos primeiros seis meses, até porque, temos um novo governo e ainda não dá para observar se a companhia terá o mesmo perfil operacional positivo em relação aos últimos 4 anos, onde ela apresentou recordes de lucros”, acrescentou.

“A política de dividendos, hoje, está alinhada ao governo Lula, em que ele prioriza o menor repasse de dividendos e maior retenção para reinvestimento e suavização da política de preços interna”, finalizou o especialista.