Os EUA decidiram liberar o plantio em áreas de conservação ambiental. Em meio a uma crise de abastecimento, impulsionada pela guerra entre Rússia e Ucrânia, essa medida era uma demanda dos produtores norte-americanos para reforçar a colheita de trigo, milho, cevada e oleaginosas.
O governo dos EUA possui dois programas que pagam produtores rurais que se localizam em áreas ambientalmente “sensíveis”, como margens de rio, encostas e nascentes. De acordo com o programa, esses produtores precisam preservar a terra por prazos de até 15 anos. Os agricultores que estão no último ano deste contrato serão contemplados.
A medida foi anunciada pelo Departamento de Agricultura dos EUA, no dia 26 de maio. De acordo com o secretário de Agricultura norte-americano, Tom Vilsack, os trabalhadores rurais poderão encerrar voluntariamente e sem penalidade os contratos, “para que possam trabalhar nesta terra, prepará-la para uma colheita ou potencialmente pensar em outras culturas que podem ser cultivadas durante o inverno.”
Em entrevista a “Exame”, a advogada especialista em direito ambiental, Samanta Pineda, afirmou que as áreas de cultivo que foram liberadas nos EUA se assemelham às áreas de preservação permanente no Brasil e não de floresta nativa.
Abastecimento: UE também aplica medidas para diminuir risco de escassez
A UE (União Europeia) também aplicou medidas para diminuir os efeitos da guerra sobre o fornecimento de alimentos. O bloco aprovou uma série de benefícios, incluindo um auxílio de 550 milhões para os agricultores e liberou o cultivo em terras de pousio, uma técnica utilizada para “descansar” a área por um determinado tempo.
“Principal tema até recentemente na agenda global, o meio ambiente perdeu lugar para a fome. O Brasil não planta mais em áreas de preservação ambiental, mas é retalidado”, analisou o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues em entrevista a “Exame”.
O diretor executivo da SOS Mata Atlântica afirmou a “Exame” que a guerra entre Rússia e Ucrânia no Leste Europeu não pode justificar o que ele chamou de um retrocesso. Para ele, o problema do abastecimento de alimentos está na distribuição e não na escassez.