Ações AZUL4 a R$ 0,80: “diluição virou o principal risco”
Azul / Divulgação

As ações da Azul (AZUL4) aprofundaram as perdas recentes na B3 e passaram a operar próximas de R$ 0,80, após sessões marcadas por quedas que superaram 20% em um único pregão.

O movimento ocorre na esteira do aval da Justiça dos EUA ao plano de reorganização da companhia via Chapter 11. Esta prevê conversão relevante de dívida em capital.

Para Régis Chinchila, analista de Research da Terra Investimentos, a reação do mercado está menos ligada ao desempenho operacional da companhia e mais à nova estrutura societária que deve emergir do processo.

O mercado passou a precificar de forma mais direta o risco de diluição, que hoje pesa mais do que os fundamentos operacionais de curto prazo”, afirma.

Diluição domina a leitura sobre ação AZUL4

Segundo o analista, a conversão de dívida em ações tende a alterar profundamente a composição acionária da empresa.

Credores devem ficar com a maior parte do capital após a reorganização, o que implica diluição quase total dos atuais acionistas”, diz Chinchila.

Na avaliação dele, esse fator explica a pressão vendedora recente. “Mesmo com a redução relevante do endividamento, o custo para o acionista minoritário continua elevado, e isso se reflete diretamente no preço da ação”, acrescenta.

Chapter 11 reduz dívida, mas muda o valor econômico

O plano aprovado nos EUA prevê a eliminação de bilhões de dólares em dívidas, emissão de novas ações e possível entrada de capital novo.

Para Chinchila, o mercado reconhece o ganho financeiro para a empresa, mas ajusta o valor do papel à nova realidade. “O processo melhora o balanço e viabiliza a saída da recuperação judicial no início de 2026, mas praticamente esvazia o valor econômico das ações existentes”, avalia.

Custos e liquidez seguem no radar

Embora o foco atual esteja na diluição, outros fatores continuam sendo monitorados. “Custos de combustível, exposição ao câmbio e necessidade de reforço de liquidez seguem como desafios relevantes”, afirma o analista.

Ainda assim, ele ressalta que esses pontos têm ficado em segundo plano no curto prazo.

Neste momento, a volatilidade de AZUL4 reflete muito mais o redesenho do capital da empresa do que qualquer mudança operacional imediata”, conclui Chinchila.