Após um período conturbado de dois anos provocado pela pandemia, o setor de shopping centers tem visto os clientes voltarem às compras presenciais e, consequentemente, melhorarem os resultados dos empreendimentos. De acordo com analistas consultados pelo BP Money, o setor de shoppings está bastante descontado no momento e pode representar uma boa oportunidade, se for analisado com cautela, com a possibilidade até de o investidor fazer um mix entre ações e FIIs.
Para o assessor de investimentos e sócio da SVN, Rodrigo Zauner, para além de FIIs de shoppings centers, o setor, de maneira geral, está com preços atrativos.
“De fato, está bem descontado, tanto a parte de equities quanto a parte de FIIs, por causa da pandemia, onde você perdeu o fator principal de consumo nos shoppings, que é o fluxo de pessoas. Agora, com o coronavírus acalmando, você vê a reabertura de 100% das operações, e aí obviamente você retoma o fluxo de pessoas, tem o crescimento de receitas e faz com que as ações e os fundos do setor voltem a subir”, disse.
Ele explica que os fundos imobiliários são mais fáceis de analisar, já que possuem menos indicadores financeiros do que as empresas.
“A precificação é muito mais simples (de um FII). Entender o valor de mercado de um imóvel é muito mais fácil do que precificar uma empresa em termos de receita, custos, despesas, provisões tributárias, provisões trabalhistas, entre outras coisas”, afirmou.
Para o investidor, entretanto, a escolha entre FIIs e empresas de shoppings depende muito de seu perfil. “A questão de FII ou ação vai depender muito do que você quer de exposição. Ações você, de fato, corre mais risco, está exposto a mais volatilidade”, explicou Zauner.
Já para o analista Caio Ventura, da Guide Investimentos, escolher entre FIIs e ações de shoppings é simplesmente uma diferença de produtos, e juntar os dois pode ser uma estratégia interessante.
“É interessante fazer uma composição mista de carteira. Quando a gente olha para ações e FIIs do setor de shopping, a gente tem uma diferença principalmente em exposição a classes econômicas. Quando a gente pensa em FIIs, existe uma exposição maior as classes B e C, e quando olhamos para shoppings listados no Ibovespa, a gente tem uma exposição maior a classes A e B. Então é interessante fazer esse mix”, afirmou Ventura.
Ele também destaca que a volatilidade pode ser um ponto chave para quem quer investir no setor, já que os fundos imobiliários tendem a ser menos voláteis em relação às ações.
“Quando olhamos o IFIX, ele apresenta cerca de um terço da volatilidade do Ibovespa, e isso acaba tornando a carteira um pouco menos volátil. Os FIIs têm volatilidade menor e dividendos mensais, e isso pode ser um atrativo. Quando se tem essa disposição, de investir no setor de shoppings, é interessante fazer esse mix entre ações e FIIs, para ter uma rentabilidade final maior”, afirmou o analista da Guide
Perspectivas para o setor de shoppings em 2022
O movimento recente de fusão entre duas empresas do setor de shopping centers chamou a atenção do mercado. Apesar da reação positiva dos investidores, a junção de Aliansce Sonae e brMalls não deixou claro se a ideia era apenas fortalecer os negócios de ambas ou salvar uma delas.
Entretanto, de acordo com os especialistas, o negócio demonstra somente uma oportunidade de fortalecimento para ambas partes, além de beneficiar clientes e, provavelmente, os acionistas, já que a nova empresa aumentará seu capital e criará sinergias, diversificando o portfólio de empreendimentos.
De acordo com os analistas consultados pela BP Money, as perspectivas para o final deste ano, no setor de shoppings, são positivas. Segundo eles, o Brasil conseguiu manter os indicadores operacionais de shoppings mais saudáveis do que países da América Latina e da Europa, principalmente em termos de ocupação.
Para Ventura, tanto as ações quanto os FIIs do setor em questão devem seguir uma tendência positiva neste ano.
“Foram feitas negociações, diferimentos e concessões aos lojistas, sempre priorizando a ocupação em detrimento da vacância e, portanto, hoje a gente tem uma recuperação em pleno vapor do setor. Estamos otimistas e acredito que tanto ações quanto FIIs tem fundamentos para andar bastante para o resto do ano”, disse o analista.
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Outro sinal que mostra a força de recuperação do setor no mercado é o dividend yield anualizado dos FIIs de shopping, que tem ultrapassado até os fundos de lajes corporativas..
“Quando olhamos para o dividend yield de FIIs de shoppings, tínhamos uma média de yeld de 5%, o que era bastante abaixo da média do IFIX e bastante abaixo de qualquer outra de tijolo do IFIX. Hoje, quando olhamos para o dividendo anualizado nos últimos cinco seis meses, observamos que essa média converge um pouco acima de 7,5%. Essa média do setor já ultrapassa os fundos de lajes corporativas, por exemplo. É algo a se atentar e deixa bem claro que essa recuperação vem sendo consolidada e se tornando cada vez mais visível”, concluiu Ventura.