Bancos e utilities

Ações podem 'surfar' na alta da Selic; hora de comprar?

Ações de bancos e empresas do setor industrial foram destacadas por suas receitas e por “blindarem” os investidores

Foto: Canva
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A expectativa de uma alta da Selic (taxa básica de juros) para 10,50% ou 11,25% ao ano pode beneficiar algumas empresas, consequentemente valorizando suas ações. Especialistas ouvidos pela BP Money apontaram que ações de alguns setores podem “surfar” nessa maré de juros altos, gerando bons frutos para os investidores.

A elevação dessa expectativa se deu por meio do Boletim Focus, divulgada na segunda-feira (9), que revelou o aumento nas projeções do mercado para as taxas de juros. Mesmo com alguns setores se beneficiando, geralmente, a alta dos juros tem um efeito negativo sobre as ações brasileiras.

Segundo o grupo de especialistas consultados, os setores que podem se beneficiar com essa alta são aqueles que recebem repassar seus custos de alguma forma. Nesses casos, esse movimento já está inserido nas políticas praticadas.

Confira setores e ações que podem se beneficiar com a alta dos juros:

Setor bancário

Já é de conhecimento geral que o setor bancário é tradicionalmente favorecido por juros mais altos. É comum que as instituições repassem essa alta para os produtos de crédito, mas, com os juros mais elevados, a procura por esse tipo de produto é reduzida, gerando um certo equilíbrio.

“Empresas como Itaú Unibanco (ITUB4), Banco do Brasil (BBAS3) e Bradesco (BBDC4) têm potencial para gerar maiores dividendos nesse cenário”, comentou o sócio da Ipê Avaliações, Fábio Murad.

O docente do curso de MBA em Finanças Corporativas, Luís Carlos Cambaúva Beltrami, por sua vez, apontou que os bancos “ganham justamente com o spread, que é a diferença entre a captação de recursos e o empréstimo desses recursos”.

Seguimento de seguradoras

Outro setor muito comentado entre os especialistas foi o de seguradoras. Segundo Acilio Marinello, sócio-fundador da Essentia Consulting, essas empresas possuem uma “vantagem maior”.

De acordo com Marinello “elas têm uma boa captação de suas receitas no mercado exterior”.

Grande parte das seguradoras mantém seus capitais investidos em aplicações relacionadas a produtos de renda fixa, justamente por ser um segmento que enfrenta muita sinistralidade. Assim, geralmente, essas empresas não possuem investimentos tão arrojados, o que faz com que se beneficiem de uma possível alta da Selic.

Nesse sentido, Murad, da Ipê Avaliações, sinalizou que empresas como “BB Seguridade (BBSE3) e Porto Seguro (PSSA3)” podem surfar nas elevações dos juros. “Suas receitas financeiras tendem a aumentar com taxas de juros mais elevadas”, comentou Murad.

Setor de utilities

Outro setor que pode se destacar é o de utilities, especialmente no segmento de energia elétrica, com fluxo de caixa estável e baixo endividamento.

“Empresas como Engie Brasil (EGIE3), Transmissão Paulista (TRPL4) e Taesa (TAEE11) podem oferecer dividendos atrativos em um ambiente de juros mais altos”, pontudo Murad, da Ipê Avaliações.

Ações do setor industrial

Outro segmento que os analistas ouvidos pela BP Money apontaram foi o industrial, com destaque para a WEG (WEGE3). Segundo os especialistas, as companhias desse setor, principalmente as que possuem uma boa parcela de ativos exportados, têm uma “certa blindagem”.

Além de repassarem parte dos custos decorrentes da alta dos juros para seus clientes, eles também possuem uma margem de arrecadação considerável no mercado externo.

Assim, num momento de alta da Selic, alguns especialistas chegaram a dizer que essas empresas podem ser um “porto seguro” para investidores, afastando-os do risco de grandes volatilidades.