Os investidores nacionais estão otimistas com o setor bancário. É o que aponta a pesquisa realizada pelo Banco Safra, em que 64% dos entrevistados demonstraram estar positivos ou com uma perspectiva “overweight” em relação às empresas para o ano de 2024.
Os principais bancos da categoria lideram com 60% dos votos, seguidos por bancos digitais com 17% de preferência e o mercado de capitais com 15% de interesse.
Outros 29% se mantiveram neutros e apenas 7% mostraram um sentimento pessimista.
No mercado financeiro, “overweight” é usado para descrever um ativo que tem um desempenho melhor do que o esperado, também conhecido como “outperform”.
No atual cenário econômico e financeiro, o interesse do mercado pelas ações de bancos tradicionais, especialmente os investidores pessoa física, tem se intensificado.
Ao aplicar em ações de grandes bancos, os investidores têm visto esses papéis como aplicações estáveis e com lucro vantajoso, apontam economistas ouvidos pelo BP Money.
Papéis dos grandes bancos prometem estabilidade e lucratividade
Pedro Marinho Coutinho, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital, explica, ao BP Money, que o lucro do setor bancário, especialmente dos nomes mais tradicionais, tem crescido consistentemente nos últimos anos.
“O lucro do setor bancário, acaba sendo um fator determinante para a escolha pelos investidores. Nos últimos dez anos, estes resultados cresceram mais de 10% ao ano na média, o que demonstra a solidez do setor”, disse.
O especialista ainda ressalta que os investidores individuais são atraídos pelo setor bancário devido à sua percepção de estabilidade, somado aos dividendos relativamente atraentes que muitos bancos pagam.
O head de research da Terra Investimentos, Régis Chinchila, completa destacando a posição consolidada no mercado conquistada pelos grandes bancos. Outra característica atrativa levantada é a capacidade das instituições de resistir a choques econômicos.
As instituições financeiras, especialmente os grandes bancos, geralmente são percebidos como investimentos estáveis devido à sua posição consolidada no mercado e à sua capacidade de resistir a choques econômicos.
“Apesar dos desafios regulatórios, novos concorrentes e tecnológicos, os bancos ainda têm oportunidades de expansão, especialmente em mercados emergentes e com a adoção de novas tecnologias”, disse.
Ainda na ocasião, Pedro Coutinho descreveu que o perfil dos investidores institucionais geralmente optam por realizar investimentos de longo prazo, focando em oportunidades que apresentem casos sólidos, potencial de crescimento significativo e uma posição relevante no mercado.
“As análises são mais criteriosas e levam em conta outros fatores mais específicos, como ambiente macroeconômico, concorrentes e novos entrantes, além de outras questões que possam influenciar na dinâmica de preços das ações analisadas”.
Entrada de novos players: bancos digitais
Para além da estabilidade, a entrada de novos players, com a chegada dos bancos digitais, despertou um outro interesse em uma parcela dos investidores.
Os novos atores no mercado financeiro trouxeram consigo uma visão de modernidade e inovação para o setor bancário, o que atrai investidores em busca de oportunidades de crescimento e valorização das ações.
“Nos últimos anos, devido ao crescimento dos bancos digitais, também tivemos muitos investidores pessoa física interessados em opções mais ligadas à tecnologia e eficiência dentro do setor”, explicou Pedro Coutinho.
Nomes como Nubank, por exemplo, passaram a ser considerados como opção de investimento e busca de alta valorização das ações, ao invés de apenas dividendos”, completou.
Os papéis da fintech encontram-se em uma de suas melhores fases. Em apenas um ano, as ações do Nubank (ROXO34) viram um aumento notável de 167%, alcançando um valor de US$ 12,06 na Bolsa de Nova York (NYSE) durante a última segunda-feira (8).
Esse valor está próximo da máxima histórica de US$ 12,25, atingida em 22 de março. Com esse desempenho, o banco agora possui uma capitalização de mercado de US$ 56,14 bilhões, aproximando-se bastante da capitalização do Itaú, que é de US$ 59,23 bilhões.
Diversificação da carteira
Outro aspecto relevante é a busca por diversificação de investimentos e o potencial de valorização das ações. Regis Chinchila, destaca o Banco do Brasil (BBAS3) e Bradesco (BBDC4) dentre as opções vantajosas.
“O Banco do Brasil por ser um estatal é bem consolidado e tem uma base forte de crédito do mercado Agro, diversificação de receitas, potencial de valorização das ações, histórico de distribuição de dividendos e sua exposição à economia brasileira”, afirmou.
Chinchila destaca sua preferência pelo Bradesco (BBDC4), considerando os descontos nos múltiplos e o potencial de valorização das ações, especialmente nos segmentos de Seguros e Serviços.
“No momento temos uma preferência pelo Bradesco, atualmente, os descontos nos múltiplos justificam uma recomendação de compra, especialmente considerando a postura conservadora nas provisões e o corte agressivo de custos”, completou
Ao mesmo tempo, o especialista contrapõe salientando que investidores devem considerar os riscos associados, incluindo volatilidade do mercado e regulatória, antes de tomar decisões de investimento.
Impacto das condições econômicas e política monetária
Ainda na análise, os profissionais ressaltam que as condições econômicas atuais, como a recuperação pós-pandemia e a política monetária, também influenciam o interesse dos investidores nas ações dos bancos.
A pandemia alterou significativamente os padrões de consumo e a relação dos clientes com os bancos, o que pode impactar positivamente a lucratividade do setor.
Além disso, mudanças nas taxas de juros e outras variáveis macroeconômicas são monitoradas de perto pelos investidores, pois podem afetar diretamente a rentabilidade dos bancos.