O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, fechou a sessão desta quinta-feira (31) com queda de 0,68%, aos 133.074,34 pontos. O dólar comercial subiu 0,19%, a R$ 5,60.
O pregão de hoje foi marcado pela “ressaca” dos desenvolvimentos de uma Super Quarta intensa. Mesmo coma isenção de cerca de 700 produtos no tarifaço de 50% orquestrado pro Donald Trump, a tensão entre os países se mantém tensa e segue trazendo insegurança jurídica.
Josias Bento, especialista em investimentos e sócio da GT Capital, ressaltou movimentos das commodities que influenciaram no tom da sessão desta quinta. “Temos também hoje o petróleo e o minério de ferro caindo, o que faz Petrobras e Vale não terem força para subir também levando o Ibovespa mais para baixo. Nada relevante no dia hoje ajudou a inverter a rota do Ibovespa.”
Apesar do clima triste com o tarifaço, a Embraer está se beneficiando da isenção do setor na lista de taxas; como disse Bento “a mesma água quente que amolece a batata endurece o ovo” e a Embraer (EMBR3) teve uma alta de mais de 5% apenas hoje. Durante a semana a ação já subiu mais de 20%.
“Na ponta contrária, a Marfrig (MRFG3) amarga queda de mais de 6% no dia de hoje, principalmente pelo setor poder ser afetado pelas tarifas norte-americanas e por preocupações de que a aprovação do processo de fusão com a BRF por órgãos reguladores como o CADE, por exemplo, e assembleia de acionistas possa ser adiada novamente.”
Dólar e real
De acordo com o Trading Economics, o real brasileiro se estabilizou perto das mínimas de junho, a 5,57 por USD.
“No Brasil, os canais financeiros sensíveis ao risco registraram quase US$ 1,9 bilhão em saídas líquidas até 25 de julho, com receios de retaliação adicional e condições de financiamento voláteis. No entanto, um mercado de trabalho excepcionalmente apertado, com desemprego em mínimas históricas de 5,8% e salários reais em alta, e a decisão do Copom de manter a Selic em um pico de duas décadas de 15%, sustentando generosos rendimentos reais, atraíram entradas de carry-trade que, embora tenham atenuado a queda do real, ainda não a revertaram.”
O dólar oscilou entre R$5,624 e R$5,563. O Gráfico DXY, índice do dólar nos EUA, com queda/alta de 0,11%, aos 100,07 pontos.
Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad explicou a trajetória do dólar na sessão desta quinta-feira (31)
“O dólar apresentou volatilidade nesta sessão, inicialmente na parte da manhã pressionado pela disputa técnica relacionada à formação da taxa Ptax – referência para a liquidação de ajustes de contrato de câmbio e posições dos portfólios locais. Após começar o dia em queda, alinhado à reação inicial positiva à redução parcial das tarifas americanas, a moeda americana ganhou força devido à reprecificação das expectativas de cortes de juros pelo Federal Reserve e dados econômicos mais sólidos nos EUA.”
Maiores altas e maiores quedas: USIM5 e MRFG3
O pregão da B3 fechou com a Usiminas (USIM5) liderando as maiores altas, com aumento de 6,04%. A empresa é seguida pela Embraer (EMBR3), com alta de 5,70%. A terceira foi a Tim (TIMS3), com crescimento de 3,45% e a lista verde fecha com Vivo (VIVT3), alta de 1,35%.
A lista vermelha é encabeçada pela Marfrig (MRFG3), com recuo de 10,20%. A empresa é seguida pela BRF (BRFS3), recuo de 5,60%. Ambev (ABEV3) fechou com recuo de 5,10% e a lista fecha com a Minerva (BEEF3), queda de 4,45%.
Variações por setor
No setor petrolífero, as ações da Petrobras (PETR3;PETR4) recuaram 0,56% e 0,40%. Prio (PRIO3) desvalorizou 1,24%. PetroReconcavo (RECV3) recuou 2,33%.
Entre as mineradoras e siderúrgicas, a Vale (VALE3) caiu 0,71%. Gerdau (GGBR4) registrou queda de 0,82%. Usiminas (USIM5) valorizou 5,80%. CSN (CMIN3) recuou 1,18%.
No setor bancário, Itaú (ITUB4) fechou com avanço de 0,26%. Banco do Brasil (BBAS3) recuou 1,01%. Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11) seguiram com desvalorização de 0,83% e de 0,64%, respectivamente.
Entre as varejistas, Magazine Luiza (MGLU3) caiu 3,81%. As Lojas Renner (LREN3) fecharam com recuo de 2,92%. Vivara (VIVA3) teve alta de 0,47%.
Índices dos EUA
As principais bolsas de Wall Street terminaram o dia no vermelho. Os índices S&P 500 e Nasdaq recuaram 0,37% e 0,03%, respectivamente. Dow Jones também subiu 0,74%.
Durante o dia, os balanços positivos das empresas de tecnologia, principalmente Meta e Microsoft, impulsionaram os índices para cima, mostrando boa solidez financeira.
A Microsoft ultrapassou os US$ 4 trilhões em valor de mercado nesta quinta-feira (31), tornando-se a segunda empresa de capital aberto, depois da chinesa Nvidia, a superar essa marca. A valorização ocorre depois da companhia publicar o resultado trimestral com receita acima do esperado.
A Meta registrou um lucro líquido de US$ 18,337 bilhões, crescendo 36% em relação ao segundo trimestre de 2024. Analistas esperavam um desempenho mais modesto. As ações da Meta subiram 12% no pré-mercado desta quinta-feira (31), após a divulgação do balanço financeiro do segundo trimestre de 2025 (2T25).
Os índices passaram a cair quando a administração de Donald Trump anunciou que o presidente assinará uma ordem executiva impondo novas tarifas comerciais que entrarão em vigor na sexta-feira, o que trouxe certo pessimismo ao mercado.