Alta da BRF (BRFS3) vai além das commodities

Analistas explicam disparada dos papéis da empresa nesta sexta (22) e alta de 14% nos últimos 30 dias

A BRF (BRFS3) disparou no pregão desta sexta-feira (22), na bolsa de valores de São Paulo (B3), chegando a alcançar o pico de 5,79%, com os papéis cotados a R$ 16,25, durante a tarde. Nos últimos 30 dias, a alta nas ações da BRF é de pouco mais de 14%. Segundo analistas, a retomada da exportação pela empresa para o Oriente Médio é um dos principais fatores para a empolgação dos investidores com a companhia, além da queda das commodities.

O analista Pedro Galdi, da Mirae Asset, afirmou que as perspectivas positivas do mercado para o resultado da BRF, referente ao segundo trimestre deste ano, também são importantes para a alta nos papéis da companhia na bolsa. 

“Basicamente, estamos observando uma queda forte dos preços de grãos, que é o principal custo de produção para a empresa (ração de suínos e aves). Além disso, existem as prévias divulgadas do resultado, que apontam melhoras nos números, revertendo uma série muito negativa de resultados”, disse Galdi.

Em complemento a fala de Galdi, o analista Rodrigo Crespi, da Guide Investimentos, destaca que o principal motivo para a alta do papel da companhia nesta sexta-feira foi o governo saudita ter derrubado a decisão que proibia a fábrica da BRF em Kizad, Abu Dhabi, de exportar frango à Arábia Saudita.
 
“Acho que o principal motivo que fez o papel andar hoje foi o governo saudita ter encerrado o embargo que começou há mais de três anos. Tinha sido feito para estimular a produção local de frango. Isso acabou por prejudicar a BRF na região. E ontem foi removido esse embargo, portanto a planta da BRF que fica em Abu Dhabi vai retomar a sua exportação para a região. Isso foi feito como bastante positivo”, disse Crespi.

Vale lembrar que a unidade Kizad possui capacidade de produção de 80 mil toneladas por ano e produz alimentos para 14 países, segundo informações da “Reuters”. 

“Lembrando que o Oriente Médio é um mercado bastante importante para a BRF”, complementou o analista da Guide. 

Crespi também chamou a atenção para o preço das commodities que, segundo ele, estão atingindo uma “realização” por parte do mercado. 

“No últimos 30 dias, com uma maior probabilidade de recessão acontecer, ocorreu uma queda nos preços das commodities, que tinham disparado no começo desse ano, por conta da invasão russa no território ucraniano. Agora, a gente já praticamente vê uma realização nesses preços. Basicamente todas zeraram os ganhos por causa da guerra da Ucrânia e isso acabou por aliviar o custo esperado para a produção da BRF, lembrando que suínos e aves têm como principal custo a matéria prima para produção de seus alimentos (commodities)”, disse Crespi. 

Alinhado a todos esses fatores citados acima – de queda das commodities e a volta das operações de uma fábrica da companhia em Abu Dhabi – o fluxo negativo de notícias que podem mexer com as ações da empresa também diminuiu. Isso ocorreu em um momento em que o preço da ação se mostrava “bastante descontado”, segundo os analistas, o que fez o mercado voltar a olhar para o setor com bons olhos.

A BRF apresentou um prejuízo líquido de R$ 1,5 bilhão, no primeiro trimestre de 2022, frente ao lucro de R$ 22 milhões no mesmo período do ano anterior. Por outro lado, a receita líquida da companhia teve alta de 13,7% para R$ 12 bilhões entre janeiro e março de 2022 ante R$ 10,6 bilhões no mesmo período de 2021.

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