O Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu, na quarta-feira (18), elevar a taxa básica de juros (Selic) em 0,25 p.p, a 10,75%. O Fed (Federal Reserve), por sua vez, fez o caminho contrário, com redução dos juros dos EUA em 0,50 p.p.
As decisões quanto às taxas de juros vão mexer com as apostas dos investidores. Na avaliação do economista Vinicius Moura, sócio da Matriz Capital, é importante estar atento aos setores que, segundo ele, são mais sensíveis à Selic do que outros.
Moura elencou o segmento do varejo como um dos que mais podem sentir a alta dos juros. “O aumento do custo do crédito e a possível redução da confiança do consumidor podem levar a uma diminuição do consumo, impactando as vendas e o faturamento das empresas varejistas”, disse Vinícius.
No varejo, o especialista destacou o setor de bens duráveis, como automóveis e eletrodomésticos, que tende a ser um dos primeiros a sofrer o impacto, já que as compras envolvem, normalmente, financiamento.
Além disso, Vinicius Moura chamou atenção para o setor de imobiliário. “Com juros mais altos, o custo do financiamento aumenta, o que pode levar a uma redução da demanda por imóveis e, consequentemente, impactar negativamente as empresas do setor, como construtoras e incorporadoras”, destacou.
Do outro lado da moeda, há os setores que lucram mais diante de taxas de juros mais alta. É o caso dos bancos, destacou Lucas Almeida, especialista em mercado de capitais e sócio da AVG Capital.
“Com os juros altos, os bancos tendem a se beneficiar, pois podem emprestar dinheiro a taxas mais elevadas e aumentar seus lucros”, explicou o especialista, chamando atenção para as ações do Bradesco (BBDC4) e Itaú (ITUB4).
Alta da Selic beneficia seguradoras
Em complemento às avaliações já mencionadas, o analista da Melver, Inácio Alves, apontou que, além dos bancos, as seguradoras também tendem a se beneficiar do atual cenário dos juros. Segundo o analista, isso ocorre porque as companhias “investem parte significativa de suas reservas em títulos públicos”.
Por outro lado, Alves disse que setores como o da construção civil e da indústria, que dependem de financiamentos de longo prazo, são bastante afetados pelos juros mais altos. “Isso porque os empréstimos ficam mais caros, reduzindo a lucratividade das empresas”, explicou.