Todos os sentidos estão voltados para as decisões quanto às taxas de juros dos EUA e do Brasil nesta ‘superquarta‘. O mercado vê um afrouxamento na política monetária lá fora, enquanto, no cenário interno, a alta da Selic é dada como certa. Mas, afinal, como se comportará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) diante disso?
Especialistas consultados pelo BP Money avaliam que Lula será crítico à decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) de subir os juros.
Para Acilio Marinello, sócio-fundador da Essentia Consulting, a reação do mandatário deve ser “enérgica”, com condenações, sobretudo, ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, “mesmo tendo consciência que há uma decisão colegiada”.
Segundo o economista Bruno Corano, tudo indica que o diretor de política monetária do BC, Gabriel Galípolo, votará a favor do aumento, o que “levanta um questionamento”, já que ele foi o indicado do presidente para suceder Campos Neto na presidência da autarquia.
“O próprio [Gabriel] Galípolo deve votar a favor do aumento e isso mostra, de fato, uma visão técnica e não política, o que é muito bom. Caso isso se concretize, o receio que tínhamos do Galípolo se tornar um instrumento de manobra do governo dentro do banco central não de se confirmar”, destacou Corano.
As avaliações de que o presidente Lula será altamente crítico ao aumento da Selic não são à toa. Lula vem desaprovando publicamente a condução da política monetária do BC nos últimos meses, chegando a dizer que os juros altos no Brasil não tem “explicação e nem critério”.
O presidente também afirmou que conseguir reduzir o patamar dos juros “é uma briga eterna” no Brasil. O mandatário defende a redução da Selic como forma de estímulo aos investimentos.
O descontentamento de Lula em relaçao às taxas de juros é manifestado, inclusive, por meio de críticas diretas ao presidente a Campos Neto. Em dada ocasião, o petista chegou a questionar se Campos Neto “não tinha respeito”.
Governo Lula deve focar nos gastos públicos para responder à alta dos juros
De acordo com Marinello, o que o governo deve fazer para responder ao aumento dos juros é buscar o equilíbrio fiscal.
“De fato, reduzir os gastos públicos, reduzir esses programas assistencialistas que já estão sendo cogitados e que aumentam as despesas do governo sem ter uma contrapartida clara da origem das receitas para custear esses gastos”, avaliou Acilio.
O especialista defendeu ainda a celeridade da reforma tributária, que trará maior previsibilidade sobre quais serão as receitas do governo e quais os potenciais ganhos para a economia em geral.