Na última terça-feira (6), acionistas da Alupar (ALUP11) aprovaram a alteração do percentual do lucro líquido a ser distribuído como dividendo obrigatório de 50% para 25%. O comunicado deixou investidores em dúvida sobre o que isso poderia significar no âmbito do recebimento de dividendos da companhia. De acordo com especialistas, a mudança na política de dividendos visa aumentar a possibilidade de distribuição de proventos, e não o contrário.
Segundo Luan Alves, analista chefe da VG Research, não haverá redução nos dividendos para o acionista e a nova política deve beneficiar os investidores da Alupar.
“A nova política de distribuição aumenta a previsibilidade da distribuição da companhia, visto que buscará remunerar os seus acionistas trimestralmente, sendo os pagamentos realizados no prazo máximo de 60 dias contados da data de deliberação de sua distribuição”, disse Alves.
A nova política de distribuição de dividendos da Alupar determina que caso os 25% do lucro líquido do exercício social representem menos que os 50% do lucro líquido regulatório, a empresa deverá remunerar os seus acionistas em valor equivalente a, no mínimo, 50% do lucro líquido regulatório.
Em comunicado, a Alupar destacou a alteração dos dividendos mínimos obrigatórios, que não ficou tão clara para os investidores.
“Alteração dos dividendos mínimos obrigatórios. A Assembleia Geral Extraordinária, realizada em 6 de dezembro de 2022 (“AGE”), aprovou, dentre outras matérias, a alteração do percentual do lucro líquido, diminuído ou acrescido nos termos da Lei das Sociedades por Ações, a ser distribuído a título de dividendo obrigatório, passando de 50% (cinquenta por cento) para 25% (vinte e cinco por cento), com a consequente alteração do artigo 36, caput, do Estatuto Social da Companhia (“Alteração dos Dividendos”)”, informou a Alupar na última quarta-feira (7).
Alupar terá mais transparência
De acordo com Rafael Pastorello, analista de investimentos CNPI-T e aluno da Eu me banco, o dividendo obrigatório que será distribuído refletirá de forma mais transparente a geração de caixa da companhia.
“Na minha visão, a nova política não reduzirá os dividendos pagos para os acionistas, inclusive essa ação está se colocando de forma mais igual às empresas do mesmo setor. É uma ação que tende a pagar bons dividendos no ano de 2023”, disse Pastorello.
Luan Alves, analista chefe da VG Research, explicou que, de forma prática, a política de dividendos anterior da companhia estabelecia que caso os 50% do lucro líquido do exercício social representassem menos que os 50% do lucro líquido regulatório, a companhia iria remunerar os seus acionistas em montante equivalente a, no mínimo, 50% do lucro líquido regulatório.
O percentual de no mínimo 50% do lucro líquido regulatório a ser distribuído ao acionista se mantém. “A alteração foi feita no percentual do lucro líquido do exercício social. Com a nova política apresentada pela empresa, o cálculo para distribuição será levando em consideração os 25% do lucro líquido do exercício social”, disse Alves.
Pastorello, analista CNPI e aluno da Eu Me Banco, reforçou que o setor de geração e transmissão de energia elétrica, tradicionalmente, é um bom pagador de dividendos.
“Quando olhamos para a Alupar, hoje ela está um pouco atrás. Com essa nova política, pode ser que se iguale ou se aproxime de seus pares”, disse Pastorello.
O dividend yield da Alupar, atualmente, é de 4,67%, enquanto o da Taesa, empresa do mesmo setor, está em 13,8%.
“Na minha visão, a mudança na política de dividendos da Alupar é uma forma de alinhamento com os acionistas e de se posicionar de forma mais parelha com empresas do mesmo setor. É até uma boa opção de empresa pagadora de dividendos para o ano que vem”, afirmou Pastorello.
Esta matéria não consiste em uma recomendação de investimentos.