Ambev (ABEV3): fim das restrições trazem boas expectativas no 1T23

Analistas ouvidos pelo BP Money não só acreditam em um bom desempenho da Ambev no 1T23, como preveem um 2023 bastante promissor para a companhia

A Ambev (ABEV3) deve mostrar um resultado positivo no balanço do primeiro trimestre de 2023, que será anunciado nesta quinta-feira (4), antes da abertura do pregão do Ibovespa.

Analistas ouvidos pelo BP Money não só acreditam em um bom desempenho da companhia nos três primeiros meses deste ano, como preveem um 2023 bastante promissor para a dona da Brahma, Skol, Antarctica e Bohemia.

Um dos fatores que explicam o otimismo é a retomada de grandes eventos de forma plena, sem as restrições causadas pela pandemia da Covid-19, a exemplo do Carnaval. Além da folia momesca, as festas do final do ano passado também devem refletir no desempenho da empresa no período. 

“A expectativa é que a produção de cervejas no Brasil apresente melhores resultados em termos de volume em relação ao 1T22, quando tivemos um carnaval ainda com restrições”, inicia o operador de Renda Variável, Rodrigo Vignoli. 

O operador ainda cita, porém, que é preciso também ser considerado o cenário internacional que não está dos melhores para as cervejarias.

“Temos que levar em consideração que o segmento LAS (América Latina) deve permanecer prejudicando o consolidado devido ao cenário macroeconômico difícil, principalmente por parte da Argentina e Chile. A divisão CAC (América Central e Caribe) e o Canadá devem apresentar uma queda nos resultados em relação ao ano anterior devido ao cenário macro. Apesar das dificuldades no cenário macro global, a expectativa de redução na taxa de juros e a queda das principais commodities utilizadas pelas companhias podem trazer melhorias para a produção”, acrescentou. 

Um outro fator que pode fazer diferença no resultado da Ambev, é a crise em uma de sua maiores rivais, a Petrópolis, dona da Itaipava, que entrou com pedido de recuperação judicial. Para o educador financeiro, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil, Idean Alves, o vácuo deixada pela concorrente pode ser preenchido pela Ambev. 

“A curto prazo a melhora é marginal, mas a médio prazo AmBev e Heineken devem brigar por essa fatia de mercado, e aumentar a sua participação, e considerando os canais de distribuição da AmBev como os tradicionais bares, e restaurantes, franquias, e Zé Delivery, é muito provável que a AmBev seja a maior beneficiada, o que deve se refletir em um melhor resultado financeiro, o que será muito positivo, já que hoje com a maior parcela de mercado, é muito difícil aumentar ainda marginalmente o “market share” da empresa, e essa pode ser uma boa oportunidade da AmBev se tornar ainda mais dominante, avaliou Idean. 

Idean elenca fatores que podem trazer bons resultados para a companhia nos próximos meses. “A recuperação do canal on-trade (bares e restaurantes), o aumento do salário-mínimo, o aumento da faixa de isenção do imposto de renda, a política assistencialista do governo, o aumento do consumo de bebidas alcóolicas entre os jovens, e o mix de produtos bem amplo da AmBev deve colher bons frutos em 2023”, exemplifica.

O especialista ainda informa que, segundo a área de análise da XP, a Ambev também planeja aumentar os preços em todas as categorias e canais, tentando recuperar a lucratividade. 

“O ritmo de inovações e de marcas internacionais sendo adicionadas ao portfólio é um esforço bem vindo que deve ser estratégico no médio prazo. A empresa está sempre se reinventando e nos últimos anos melhorando a margem através do valor agregado em suas marcas, que começa a criar poder de preço, agradando o gosto dos brasileiros, e o bolso dos investidores”, finalizou. 

Nesta quarta-feira (3), as ações da cervejaria fechamram em alta de 2,24%, cotadas a R$ 14,58.

Ambev: precificação pode atrapalhar crescimento da fabricante

Mesmo com previsões positivas, a Ambev está com o sinal amarelo ligado em relação aos resultados de 2023. Para o BTG Pactual, a companhia precisa recuperar seu poder de precificação para contornar a expectativa de desaceleração dos volumes de venda. Com informações do “Neo Feed”.

“Após se beneficiar de um mix favorável de produtos em 2022, a receita por hectolitro deve ser o principal motor de crescimento da receita”, diz trecho do relatório assinado pelos analistas Thiago Duarte e Henrique Brustolin. “Mas nós não estamos confiantes de que isso [precificação] virá tão cedo”.

De acordo com a instituição, a capacidade de conseguir ajustar preços é necessária considerando que as vendas em termos de volume perderam força no primeiro trimestre.

Nem mesmo o Carnaval trouxe ânimo para os analistas. A previsão é de que o resultado do primeiro trimestre deste ano seja apenas 3% superior ao mesmo período de 2022.

O avançado é encarado como tímido e dados apontam para uma desaceleração no volume de vendas da Ambev, mesmo com a crise pela qual passa o Grupo Petrópolis, que entrou com um pedido de recuperação judicial, com dívidas de R$ 4,2 bilhões. 

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