A CPI que investiga uma possível fraude contábil na Americanas (AMER3), ouve, nesta terça-feira (20), o presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), João Pedro Barroso do Nascimento, e o chefe do Departamento de Monitoramento do Sistema Financeiro (Desig) do Banco Central (BC), Gilneu Francisco Astolfi Vivan.
Vale lembrar que a Americanas solicitou a recuperação judicial no dia 19 de janeiro após a divulgação ao mercado de um rombo contábil de R$ 20 bilhões.
Depoimento do presidente da CVM
Nesse sentido, o deputado Júnior Mano (PL-CE), que solicitou o depoimento do presidente da CVM, para ouvir explicações sobre o possível uso de informação privilegiada (insider trading) e a atuação das agências de classificação de risco de crédito nas emissões da varejista.
“Alega-se que a Americanas pode ter se envolvido em práticas de uso de informação privilegiada, o que constitui uma violação grave das regras do mercado financeiro”, alerta o deputado. “O possível vazamento e uso indevido de informações privilegiadas prejudicam a confiança dos investidores e minam a integridade do mercado”, completou.
“Existem preocupações de que a classificação de risco de crédito da Americanas possa ter sido influenciada indevidamente, o que compromete a imparcialidade e a transparência desse processo”, afirmou Mano.
Por outro lado, o deputado Thiago de Joaldo (PP-SE), que também sugeriu ouvir o presidente da CVM, isso porque, acredita que pode “trazer as atualizações a respeito das investigações do lamentável e gravíssimo caso da fraude contábil da Americanas”.
Explicações do Banco Central
A presença do chefe do Departamento de Monitoramento do Sistema Financeiro (Desig) do Banco Central (BC), Gilneu Francisco Astolfi Vivan, foi solicitada pelo deputado Mendonça Filho (União-PE).
“O caso das Americanas tem influenciado negativamente o crédito privado no Brasil”, lamentou o deputado. “No mercado de capitais, vemos, neste início de 2023, o número de emissões de debêntures cair, e, quando acontecem, se dão a um custo bem mais elevado para as empresas devedoras”, completou Mendonça Filho.
Desse modo, o deputado destacou que o mercado bancário também está sofrendo reflexos com a crise nas Americanas. “[Os bancos estão mais] exigentes e jogando para o tomador final o custo associado a uma piora na percepção de risco.”
Por fim, o deputado ressalta que uma série de bancos, de portes distintos, figuram entre os principais credores da empresa. “Nesse contexto e diante dos montantes bilionários envolvidos, julgamos fundamental ouvir o Banco Central sobre o ocorrido”, afirma Mendonça Filho, lembrando que o BC é o órgão regulador e fiscalizador das instituições financeiras que atuam no País.