113 milhões de ações

Americanas (AMER3): acionista atinge fatia de 12,5% do total de ações

O investidor disse que não pretende alterar a estrutura acionária ou de controle da companhia, mas obter lucros em uma futura venda

Americanas
Foto: Divulgação

A Americanas (AMER3) anunciou que o acionista Inácio de Barros Melo Neto atingiu a fatia de 12,5% do total de ações ordinárias da empresa. Melo Neto possui 113 milhões de ações ordinárias (ON) da varejista.

O investidor disse que não pretende alterar a estrutura acionária ou de controle da companhia, mas obter lucros em uma futura venda. 

A Americanas divulgou no início de julho que seus acionistas de referência – os bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira – e afiliados deles passariam a deter 49,2% do capital social da companhia após um aumento de capital.

Até meados de fevereiro de 2023, a empresa informava que o trio detinha 30,12% das ações da Americanas, equivalente a 271.834.960 de papéis.

Americanas (AMER3): rombo gerou desconfiança generalizada

Maior fraude financeira da história brasileira. É assim que o caso Americanas (AMER3) tem sido identificado pela imprensa e nomes ligados ao mercado financeiro.

Um rombo bilionário de uma das maiores e mais tradicionais varejistas do Brasil não poderia acontecer sem respingar nos pares do setor. Analistas têm chamado atenção para um “efeito cascata”.

Miguel Gomes Pereira Sarmiento Gutierrez, ex-CEO das Lojas Americanas, junto com a ex-diretora Anna Christina Ramos Saicali e outros ex-executivos foram acusados de atuarem em esquema de manipulação dos balanços para ocultar a situação financeira da varejista.

O resultado foi um rombo de aproximadamente R$ 20 bilhões, enquanto a dívida total da empresa em recuperação judicial é de R$ 40 bilhões.

Segundo Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, a  revelação da fraude causou um efeito cascata no mercado, com outras grandes empresas pedindo recuperação judicial devido à saturação do crédito. 

“Embora os mercados de crédito, fundos e bancos soubessem da grande alavancagem da empresa, duas coisas eram inimagináveis: a possibilidade de fraude nos balanços, que eram auditados, e a falta de intervenção imediata dos sócios, que eram as pessoas mais ricas do país, para cobrir déficits e evitar a recuperação judicial com grande deságio e parcelamento”, disse Eyng ao BP Money.

Para o executivo, toda essa situação resultou em uma desconfiança generalizada no mercado durante o primeiro semestre de 2023, especialmente em relação à credibilidade dos balanços auditados e à expectativa de que os sócios assumiriam os pagamentos. 

“Isso não aconteceu. Houve muitas críticas posteriormente, mas a verdade é que todos que concederam crédito e investiram mais do que deveriam na Americanas, o fizeram confiando na reputação do grupo 3G Capital, conhecido por sua credibilidade e meritocracia, que acabou decepcionando todo o mercado de crédito brasileiro”, destacou Volnei.

O economista Bruno Corano, investidor da Corano Capital, não acredita no “efeito cascata”, já que, segundo ele, o setor já era muito alavancado e com um grande nível de endividamento.

Além disso, Corano pontuou que a combinação de juros elevados, inflação e outras consequência dos últimos anos já vinham pressionando as varejistas.

O impacto do rombo da Americanas (AMER3) no setor de varejo diz respeito à preferência dos investidores, garantiu Bruno.

“Então, as ações [do varejo têm sido menos procuradas, as debêntures têm precisado fazer ofertas mais rentáveis para serem vendidas e os próprios bancos têm desejado não aumentar o nível de concessão de empréstimo que fazem para esse segmento, dada toda essa fragilidade”, afirmou o economista.


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