Credores de peso das Americanas (AMER3) se opuseram ao plano de recuperação judicial da companhia e se manifestaram no último dia do prazo para a objeção que terminou na quarta-feira (19).
Na mais recente lista de credores da Americanas, o banco BTG Pactual (BPAC11) aparece com R$ 3,5 bilhões a receber. O Santander (SANB11) é detentor de outros R$ 3,5 bilhões em créditos contra a varejista, de acordo com relação protocolada na Justiça em junho. A Virgo Companhia de Securitização é credora da Americanas em R$ 204,4 milhões. As informações são do jornal “Valor Econômico”.
Além das petições dessas três empresas financeiras, foi apresentada na quarta uma objeção assinada por representantes de um grupo de dez gestoras de recursos. A Oliveira Trust Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários, agente fiduciário responsável pela emissão de R$ 2,16 bilhões de debêntures, também entrou em conjunto com mais de 20 fundos de investimentos e gestores.
Em sua petição, o BTG Pactual requer que seja convocada assembleia geral de credores (AGC) e manifesta sua discordância em relação a sete pontos previstos no plano de recuperação, entre eles, a “previsão de aumento de capital apenas na ordem de R$ 10 bilhões” e o “deságio não inferior ao percentual de 60% previsto para as modalidades de pagamento dos credores quirografários [sem garantia real].”
Já os advogados do Santander argumentam que o estudo de viabilidade econômico-financeira do plano elaborado pela consultoria Apsis a pedido da Americanas “limita-se a descrever o contexto geral da economia brasileira e do mercado de comércio eletrônico/varejo”. A crítica do Santander na objeção é de que o estudo não explicita “as razões pelas quais seria numericamente razoável esperar que as soluções propostas no plano de recuperação judicial levariam ao soerguimento das recuperandas [Americanas] e/ou seriam as menos gravosas ao patrimônio de seus credores.”
Americanas: caixa sobe em junho e clientes na web encolhem
A Americanas emitiu comunicado ao mercado na terça-feira (18) informando sobre seu desempenho de junho. A companhia reportou aumento de 18% em junho, na comparação com maio, totalizando R$ 1,8 bilhão.
Porém, na comparação com dezembro de 2022 — um mês antes da divulgação de “inconsistências contábeis”, — o caixa da companhia encolheu 61%. A varejista terminou o ano passado com R$ 4,62 bilhões em caixa, de acordo com o relatório.
O prazo de recebimento dos pagamentos feitos pelos clientes caiu de 40 dias em maio para 37 em junho. Em dezembro, antes do pedido de recuperação judicial, esse intervalo de tempo era de 56 dias. Já o prazo de pagamento dos fornecedores foi de seis dias, em média, no mês passado, ante quatro dias em maio. Em janeiro, esse prazo era de 124 dias, em média.
O documento elaborado pelos administradores judiciais indica ainda o fechamento de 50 lojas da varejista desde janeiro. Na época, havia 1.880 unidades, total que encolheu para 1.830 em junho.
Ainda segundo o relatório, a base de clientes ativos nos canais digitais da empresa também sofreu retração, tanto nos últimos 12 meses como na comparação com maio. Em junho, eram 43,6 milhões de clientes, contra 50,3 milhões em julho de 2022 e 44,2 milhões em maio deste ano.