A Americanas (AMER3) está acusando o BTG Pactual (BPAC11) de “participação, conivência e culpa” no rombo contábil de R$ 20 bilhões, que resultou no pedido de recuperação judicial da varejista. Em um documento judicial, a empresa incluiu cartas de circularização do banco à PWC para embasar a afirmação. As informações foram obtidas pelo “Broadcast”, do grupo “Estadão”.
Na interpretação da varejista, as respostas do BTG à empresa de auditoria mostram que não foram registrados passivos, mas apenas ativos da empresa com a instituição financeira. Logo, o banco teria supostamente uma parcela de culpa no rombo bilionário.
“O BTG também teve participação nos atos que culminaram no cenário periclitante atual. Aliás, não apenas participação, mas conivência e culpa”, afirmaram os advogados da varejista nos autos. “O BTG, na verdade, indicou somente ativos do Grupo Americanas, contribuindo para as inconsistências contábeis”, complementou a Americanas.
O BTG acabou se manifestando na tarde desta quarta-feira (30):
Como já esclarecido por outros bancos, a elaboração e aprovação de demonstrações financeiras que espelhem a realidade da companhia são responsabilidade única, exclusiva e não transferível da própria companhia e sua administração, incluindo sua diretoria e seu conselho de administração.
O BTG Pactual sempre tratou as suas operações com a Americanas de forma transparente, tanto que os saldos das operações foram regularmente reportados para o Sistema Central de Risco, mantido pelo Banco Central. Tais informações são plenamente acessíveis pela empresa devedora e terceiros autorizados por ela.
É completamente inconcebível alegar que o BTG Pactual iria compactuar com prática que poderia comprometer a sua exposição junto à companhia. A leviana criação de narrativas no intuito de atribuir aos Bancos qualquer tipo de responsabilidade neste lamentável episódio tem por objetivo desviar a atenção do problema central.
O BTG Pactual tem a firme convicção da correção de suas práticas e não se furtará a fazer valer todos os seus direitos.
Por fim, cumpre lembrar, que passadas três semanas desde o reconhecimento – pela própria Americanas – de práticas irregulares, nenhuma atitude efetiva foi tomada no sentido de sanar os problemas, capitalizar a Companhia ou atuar de maneira construtiva na recuperação da empresa e preservação de empregos e fornecedores.
Americanas (AMER3): minoritários pedem indenização à 3G Capital
Um grupo de investidores minoritários representados pelo Instituto Ibero-Americano da Americanas (AMER3) solicitou aos acionistas controladores da varejista (membros da 3G Capital) uma indenização por abuso de poder na companhia. As informações são do “Infomoney” e foram publicadas na última terça-feira (31).
De acordo com o Instituto Ibero-Americano, uma indenização à Americanas por parte dos acionistas de referência poderia ser a saída para a sobrevivência da varejista, já que a 3G Capital tem se negado a fazer “uma injeção de dinheiro necessária para hontar as dívidas bilionárias”.
Os minoritários acreditam que essa injeção de capital pode acontecer com o pedido de indenização. Os investidores destacam que houve abuso de poder por parte dos controladores, que teriam deixado de apurar inconsistências e contas irregulares dos administradores.
O Instituto alega que os acionistas majoritários se preocuparam apenas em buscar um maior pagamento de proventos ou bônus para executivos. Dessa forma, os controladores deixaram os interesses da companhia e dos acionistas minoritários de lado.
Segundo a solicitação, a indenização deve ocorrer com base no artigo 246, da Lei das Sociedades por Ações (Lei n. 6.404/76), que recai sobre o patrimônio pessoal dos envolvidos.
Os acionistas minoritários alegam que o risco de falência da Americanas seria afastado se considerassem que os controladores têm patrimônio para salvar a companhia.