O CEO do Bradesco (BBDC4), Octavio de Lazari Junior, disse nesta sexta-feira (5) que a expectativa dos credores da Americanas (AMER3) é de um acordo até junho. Segundo ele, o acordo não será “ótimo”, mas deve atingir um ponto “razoável” a todas as partes envolvidas.
“Entre a última divulgação e esta, tivemos evoluções nas tratativas com a empresa”, disse ele, sem citar a Americanas nominalmente, em coletiva de imprensa para comentar os resultados do banco no primeiro trimestre, divulgados na quinta (4). As informações são do Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
Lazari afirmou que os bancos e os demais agentes envolvidos, tanto na ponta dos credores quanto na da empresa, estão discutindo os termos de um acordo. Esse desfecho deve ser “razoável” e não “ótimo”, segundo o presidente do Bradesco. “Não sabemos o quanto podemos recuperar, gostaríamos de recuperar 100% do que provisionamos”, disse ele.
No mês passado o CEO do Santander Brasil (SAB11), Mário Leão, também projetou que o acordo pode sair em junho. “Acredito em um acordo fechado neste trimestre, com chance de uma formalização no mercado de capitais no terceiro trimestre”, disse Leão, durante entrevista coletiva na semana passada para comentar o balanço do banco.
A Coluna do Broadcast mostrou que os bancos gostariam que o trio de acionistas de referência da Americanas, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, aportasse R$ 12 bilhões na companhia já de cara. A proposta atual contempla R$ 10 bilhões e uma tranche de R$ 2 bilhões que só seria aportada no futuro, a depender do desempenho da varejista.
Maior credor financeiro da Americanas, o Bradesco provisionou toda a exposição à companhia, de cerca de R$ 4,9 bilhões, no balanço do quarto trimestre do ano passado.
Americanas adia anúncio de resultado do 1T23
A Americanas publicou fato relevante na noite de quinta-feira (4) comunicando ao mercado o adiamento do anúncio do seu resultado no primeiro trimestre de 2023. A divulgação estava prevista para acontecer na próxima quinta-feira (11).
A varejista atribuiu a decisão às “inconsistências contábeis” reveladas em janeiro, que levaram a empresa a entrar com pedido de recuperação judicial.
“O adiamento se dá em razão da necessidade de conclusão dos trabalhos de revisão pela Companhia, seus assessores e auditores independentes, das demonstrações financeiras de exercícios encerrados, inclusive do exercício social de 2022, e dos efeitos das inconsistências em lançamentos contábeis objeto do Fato Relevante divulgado em 11 de janeiro de 2023. Estes trabalhos de revisão têm por finalidade garantir que as demonstrações financeiras reflitam adequadamente a posição patrimonial e financeira da Companhia e de suas controladas, e ocorrem em paralelo à apuração acerca das circunstâncias que ocasionaram as referidas inconsistências contábeis, conduzidas pelo Comitê Independente, criado pelo Conselho de Administração em 11 de janeiro de 2023”, justificou.
A Americanas não deu previsão de quando o anúncio será feito. As ações da empresa fecharam com alta de 0,96% nesta quinta, com cotação de R$ 1,05.