Americanas (AMER3): CEO do Santander vê chance de acordo até junho

Acredito em um acordo fechado neste trimestre, com chance de uma formalização no mercado de capitais no terceiro trimestre”, disse Mário Leão

Um acordo entre a Americanas (AMER3) e os bancos credores da companhia pode estar próximo, pelo menos é o que acredita o CEO do Santander Brasil (SANB11), Mário Leão.

O executivo não citou nominalmente a Americanas, mas tratou o assunto como “evento subsequente de janeiro”, quando a varejista entrou com pedido de recuperação judicial. A política do setor bancário é evitar comentar publicamente casos específicos envolvendo clientes. 

“Acredito em um acordo fechado neste trimestre, com chance de uma formalização no mercado de capitais no terceiro trimestre”, disse Leão, drante entrevista coletiva nesta terça-feira *(25) para comentar o balanço do banco.

Leão ainda disse que o cenário macroeconômico, com juros elevados, ainda é desafiador, mas que o banco vem se preparando para frear a expansão do crédito desde de 2021.

“Estamos construindo uma carteira de melhor qualidade. As safras novas de crédito já representam 54% do total.É a primeira vez que elas têm essa representatividade. Isso prova que tomamos as decisões certas no fim de 2021”. 

Com informações do Blooberg Línea.

Ex-CEO da Americanas transferiu imóveis para outras empresas

Investigadores que apuram a fraude fiscal de R$ 20 bilhões nas Americanas descobriram que o ex-CEO da companhia, Miguel Gutierrez, transferiu alguns dos imóveis de seu nome para empresas em nome de seus parentes e dele mesmo, durante o processo de mudança no comando da varejista. A informação veio a público através de reportagem da revista Piauí.

Gutierrez ficou no cargo por 20 anos até ser substituído por Sergio Rial, em janeiro deste ano. O anúncio de que Rial assumiria as Americanas foi feito em 19 de agosto de 2022, já com a informação da data de sua posse. De acordo com a publicação, as transferências de imóveis de Gutierrez ocorreram entre 26 de setembro de 2022 e 2 de janeiro de 2023, dia em que Rial assumiu. A investigação sobre a fraude nas Americanas é conduzida pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal.

A transferência de imóveis em si não é ilegal, mas é uma peça importante na linha de investigação sobre o patrimônio dos ex-executivos das Americanas. Os investigadores já sabem, por exemplo, que, no segundo semestre do ano passado, a diretoria da empresa vendeu R$ 14,1 milhões de suas ações da companhia, no valor total de R$241,1 milhões de reais. À época, a diretoria era composta por Gutierrez, Anna Saicali, Timotheo Barros e Marcio Cruz Meirelles. A venda aconteceu num momento de alta nas cotações, provocado justamente pelo anúncio de que Gutierrez seria substituído por Rial.

A nomeação de Rial pelo conselho de administração da companhia, de acordo com avaliação de advogados que acompanham o caso, frustrou os planos dos executivos das Americanas, especialmente de Gutierrez, de que a sucessão na companhia se desse internamente, contemplando um dos três diretores próximos a ele.

Chamou a atenção dos investigadores a coincidência temporal desses movimentos, pois tanto a venda de ações como a transferência de imóveis se deram justamente após o anúncio do nome de Rial para o cargo de CEO. A venda das ações e a transferência de imóveis, pelo menos por parte de Gutierrez, levaram os investigadores a suspeitar de que ambas tenham ocorrido porque ele já pressentia que a fraude viria a público com a assunção do novo presidente. De acordo com a advogados consultados pela reportagem da Piauí, a transferência de imóveis de pessoa física para uma empresa tem como objetivo em situações como esta: blindar o patrimônio da pessoa física, evitando arresto em caso de ação judicial para pagamento de dívidas. No mercado, é uma operação conhecida como “muralha da China”.

Santander tem queda de quase 50% no lucro gerencial do 1T23

O Santander divulgou o balanço do primeiro trimestre de 2023, na manhã desta terça-feira (25), com uma queda de 46,6% no lucro gerencial, alcançando apenas R$ 2,14 bilhões. Ainda assim, o número ficou maior do que o apontado pelo consenso Refinitiv de R$ 1,83 bilhão, segundo o “Infomoney”.

No entanto, como apontado, na segunda-feira (25), pelo especialista ouvido pelo BPMoney, o advogado Emanuel Pessoa, “o resultado da tesouraria do Santander e as despesas administrativas deverão decepcionar neste primeiro trimestre de 2023 por conta do patamar atual da taxa de juros, em 13,75%, e da alta da inflação”.

O banco informou que o resultado bruto de créditos de liquidação duvidosa totalizou R$ 11 bilhões no primeiro trimestre, aumento de 49,4% no trimestre e 138,5% no ano.Já os créditos de liquidação duvidosa foram de R$ 6,765 bilhões neste último trimestre, queda de 8,1% na comparação trimestral e alta de 46,7% no ano.  As receitas de recuperação de créditos baixados para prejuízo aumentaram 35,0% no trimestre e 26,2% no ano, atingindo R$ 934 milhões.

A margem financeira bruta do banco alcançou R$ 13,145 bilhões, número 5,7% menor que o mesmo período do ano passado. Já a margem financeira com clientes cresceu, foi R$ 14,315 bilhões, 3,3% a mais na comparação anual e 3,9% maior que nos três primeiros meses de 2022.

Na tesouraria, o banco reverteu lucro registrado um ano antes, com perda de R$ 1,170 bilhão, mas ressalta que a perda foi 7,5% menor do que a registrada no quarto trimestre do ano passado.

O Santander encerrou o mês de março com R$ 1,048 trilhão em ativos totais, 9,3% a mais na comparação anual, mas apenas 0,1% a mais que o trimestre anterior. O patrimônio líquido do banco caiu 10,1 p.p (pontos percentuais) em um ano, para 10,6%. No último trimestre do ano passado houve alta de 2,2 p.p. Já o ROAE (retorno sobre patrimônio médio) foi de 10,6% neste trimestre, uma redução de 10,1 pontos percentuais na comparação como mesmo primeiro trimestre de 2022.