Americanas (AMER3) e Light (LIGT3): ações em alta mesmo com RJ

Apesar de crise, Americanas e Light viram suas ações se valorizando nos últimos dias na bolsa de valores

Prejuízo de bilhões, trocas na diretoria, acusações, pedido de recuperação judicial. O cenário caótico enfrentado por gigantes do mercado brasileiro que buscam reestruturação financeira à primeira vista pode parecer o fim da linha, mas não é isso que está sendo refletido na bolsa de valores. 

Companhias como as Americanas (AMER3) e a Light (LIGT3) viram suas ações se valorizando nos últimos dias. Embora enfrentem algumas variações negativas, o balanço de junho, até esta terça-feira (20), tem sido positivo para as duas empresas. 

Aos trancos e barrancos, as ações da varejista valorizaram 12,03%, enquanto os papéis da concessionária de energia cresceram surpreendentes 80,66% no período. No pregão do Ibovespa de quarta, as ações das Americanas não caíram e nem avançaram, já a da Light subiram 1,87%. 

Americanas

Analistas ouvidos pelo BP Money são unânimes em dizer que a situação das Americanas é mais delicada e exige um olhar mais criterioso. A grave turbulência enfrentada pela varejista ainda não recaiu inteiramente em suas ações, mas os sinais já podem ser vistos. 

A admissão de fraude na abertura dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura a fraude fiscal estimada em mais de R$ 20 bilhões, tornou o cenário ainda mais nebuloso e imprevisível. 

“O mercado está atento à discussão da suposta fraude no balanço. Acredito que essa valorização tem muito mais haver com especulação do mercado. Se provado que houve fraude no balanço, os acionistas majoritários podem ser chamados a garantir operações de crédito privado e, com essa especulação, o valor das ações aumenta. No entanto, nos últimos dias, têm caído, levando a crer que trata-se mesmo de especulação”, avalia Renata Gouveia Zakka, advogada  especialista em direito empresarial e sócia do escritório Gouveia Zakka Sociedade de Advogados.

O  analista de investimentos do AndBank, Fernando Bresciani, segue o mesmo raciocínio. Ele acredita que os próximos movimentos da empresa podem determinar o desempenho das ações.

“O mercado segue na expectativa de um aporte de capital para que a empresa tenha fôlego para sair dessa. Acho que esses fatos é que vêm alimentando a alta. As ações caíram nos últimos dias, mas se esses fatos voltarem à tona, se tivermos um acordo dos atuais acionistas com os bancos e tudo mais, as ações podem andar sim”, opinou. 

Light

Apesar das intensas movimentações dos últimos dias, com troca de CEO, negociações frustradas com credores e o risco de não ter a concessão renovada, a Light parece estar fazendo o dever de casa, segundo os especialistas, o que explica a valorização das ações na bolsa. 

“A Light precisa renovar a concessão e já entrou com um pedido. Ela também deve pleitear um reajuste extraordinário para melhorar sua margem. Com isso, a gente tem uma previsibilidade operacional da empresa. Enquanto ao endividamento, ela vai rearranjar esse pagamento. Acredito que na hora que ela tiver a concessão renovada, ela consegue dar um direcionamento para a dívida. Então, quando isso tudo acontecer, a ação sobe. A ação vinha se recuperando porque era essa expectativa que estava se construindo ao longo de maio. Tivemos a saída na última semana do pedido de demissão do CEO, mas aí você coloca outro. Os pontos chaves para a empresa são esses. Se essas notícias começarem a vingar, ela vai continuar subindo”, garante Bresciani. 

“Próximo ao prazo para que a concessionária informe sua intenção de renovar o contrato de concessão, o mercado tem entendido que o prognóstico é positivo e que há uma grande possibilidade do Estado do Rio e a companhia negociarem e efetivarem essa renovação, dado, principalmente, a expertise da empresa em áreas específicas do Rio de Janeiro”, acrescentou Zakka.

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