A Americanas (AMER3) discute um novo plano de recuperação judicial com os credores, que registraram objeções, segundo informações do Estadão/Broadcast. Segundo a publicação, as conversas continuam e credores devem se reunir com a Americanas na próxima semana.
Entre as manifestações dos bancos contra o plano estão o deságio de 60% na dívida e a proposta de aporte de R$ 10 bilhões na companhia pelos acionistas de referência do grupo, o trio Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles. Segundo fontes do Broadcast, esses pontos podem ser alterados e alguns continuam insistindo para que o aporte suba para R$ 12 bilhões. Vale lembrar que a recuperação judicial da varejista envolve dívidas de mais de R$ 40 bilhões.
Detentores de títulos de dívida emitidos no exterior trouxeram contestações mais ácidas contra a empresa, afirmando se tratar de um “salvo-conduto para responsáveis por fraudes confessadas”, e apontou para um suposto privilégio que os bancos teriam no recebimento de seus créditos.
Os bancos e os estrangeiros criticaram a previsão de que os credores não poderão mais brigar com Americanas na Justiça caso o plano seja aprovado. Os advogados dos credores externos afirmam haver um excesso de proteção nessa cláusula do plano, para blindar terceiros que têm influência na apresentação do plano (acionistas e administradores, principalmente) – e que sabem que estão expostos.
BTG (BPAC11) e Santander (SANB11) se opõem a RJ
Na mais recente lista de credores da Americanas, o banco BTG Pactual (BPAC11) aparece com R$ 3,5 bilhões a receber. Já o Santander (SANB11) é detentor de outros R$ 3,5 bilhões em créditos contra a varejista, de acordo com relação protocolada na Justiça em junho. A Virgo Companhia de Securitização é credora da Americanas em R$ 204,4 milhões. As informações são do jornal “Valor Econômico”.
Além das petições dessas três empresas financeiras, foi apresentada na quarta uma objeção assinada por representantes de um grupo de dez gestoras de recursos. A Oliveira Trust Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários, agente fiduciário responsável pela emissão de R$ 2,16 bilhões de debêntures, também entrou em conjunto com mais de 20 fundos de investimentos e gestores.
Em sua petição, o BTG Pactual requer que seja convocada assembleia geral de credores (AGC) e manifesta sua discordância em relação a sete pontos previstos no plano de recuperação, entre eles, a “previsão de aumento de capital apenas na ordem de R$ 10 bilhões” e o “deságio não inferior ao percentual de 60% previsto para as modalidades de pagamento dos credores quirografários [sem garantia real].”
Já os advogados do Santander argumentam que o estudo de viabilidade econômico-financeira do plano elaborado pela consultoria Apsis a pedido da Americanas “limita-se a descrever o contexto geral da economia brasileira e do mercado de comércio eletrônico/varejo”. A crítica do Santander na objeção é de que o estudo não explicita “as razões pelas quais seria numericamente razoável esperar que as soluções propostas no plano de recuperação judicial levariam ao soerguimento das recuperandas [Americanas] e/ou seriam as menos gravosas ao patrimônio de seus credores.”