A Americanas (AMER3) entrou com pedido de recuperação judicial nesta quinta-feira (19). As dívidas da varejista somam R$ 43 bilhões e envolvem credores financeiros, trabalhistas e fornecedores.
“O Grupo Americanas confia, portanto, que a recuperação judicial constituirá instrumento capaz de levar à reestruturação de suas dívidas e à adequação de sua estrutura de capital, com absoluto respeito aos direitos e prioridades das diversas categorias de credores, de modo a permitir que possam continuar a exercer suas atividades, gerando, dessa forma, riqueza e empregos, com inegáveis benefícios à comunidade e ao país”, escreveram os advogados da Americanas.
É o quarto maior caso já registrado no País, perdendo apenas para as recuperações judiciais da Odebrecht (R$ 80 bilhões), Oi (R$ 65 bilhões) e Samarco (R$ 65 bilhões).
O pedido de recuperação judicial apresentado pela companhia destaca que “o risco, então, caso não seja deferido o imediato processamento desta recuperação judicial, é de um absoluto aniquilamento do fluxo de caixa do Grupo Americanas, o que impedirá o cumprimento de obrigações diárias indispensáveis ao exercício da atividade empresarial, tal como o pagamento de fornecedores e funcionários”.
Os advogados das Americanas também estão pedindo a Justiça para derrubar a liminar obtida pelo BTG Pactual (BPAC11) e incluir o banco na recuperação judicial. A dívida da varejista com o banco é de R$ 1,2 bilhão.
Depois do pedido de recuperação judicial, a Americanas vai precisar apresentar um plano de recuperação dos seus negócios, que geralmente envolve venda de ativos e um pesado desconto na dívida. Além disso, os bancos vão ter que provisionar as perdas em seus balanços.
Americanas (AMER3): bancos pedem R$ 15 bi de capitalização
A Americanas (AMER3) está enfrentando duras conversas com os bancos credores. Segundo informações do jornal “Valor Econômico”, uma das propostas que os bancos envolvidos acham que seria “a mínima” é de uma capitalização de R$ 15 bilhões, bem acima do que foi proposto pela varejista até o momento.
Os credores pedem uma garantia do trio de acionistas da Americanas, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, além da conversão de 20% das dívidas por ações, o que faria dos bancos importantes acionistas da empresas, já que a varejista vale, atualmente, cerca de R$ 1,5 bilhão na Bolsa.
O sócio do banco de investimento Rotchschild, Luiz Muniz, é um dos responsáveis pelas conversas com os credores, mas os bancos têm visto, até o momento, pouco avanço nas negociações e nenhuma proposta firme para resolver a situação.
A única proposta concreta da Americanas, até o momento, foi de uma injeção de capital de R$ 6 bilhões, o que não convenceu os bancos credores.