Americanas (AMER3): Rombo é de ao menos R$ 25 bi após novas fraudes

Às 13h02 (horário de Brasília) os papéis da varejista valorizavam 2,44%, cotada a R$ 1,26. 

A Americanas (AMER3) afirmou nesta quarta-feira (14) que a fraude, destacada no comunicado publicado na última terça-feira (13), viabilizou o incremento do rombo contábil da companhia em R$ 25,3 bilhões.

Desde a abertura do pregão desta quarta (14), após a divulgação do comunicado, a Americanas opera em alta, às 13h02 (horário de Brasília) os papéis da companhia valorizavam 2,44%, cotada a R$ 1,26. 

De acordo com a varejista, os números vieram de contratos de propaganda cooperada (VPC) formados para maquiar os resultados. Sendo assim, o saldo dessas transações atingiu os R$ 21,7 bilhões, ao mesmo tempo que a ausência de lançamento de juros sobre operações financeiras foi de R$ 3,6 bilhões.

Em relação aos fornecedores, a varejista explicou que os efeitos praticamente se anularam. Nesse sentido, a Americanas registrou uma perda de R$ 700 milhões, em uma combinação de lançamentos que incrementam a conta de fornecedores de R$ 18,4 bilhões e R$ 2,2 bilhões e outros que reduziram a conta de R$ 17,7 bilhões e R$ 3,6 bilhões.

A alavancagem da companhia, por sua vez, a contabilização equivocada das operações de financiamento de compras e de capital de giro enfraqueceu a dívida financeira bruta em R$ 20,6 bilhões.

Em outras palavras, a dívida final da varejista não é uma simples soma dos números divulgados. E sim, a soma dos R$ 18,4 bilhões (operações de financiamento de compras) e R$ 2,2 bilhões (operações de financiamento de capital de giro) aos R$ 25,3 bilhões da baixa.

Ex-CEO aponta participação de bancos nas fraudes

A Americanas (AMER3) entregou à CPI da Câmara dos Deputados documentos com trocas de e-mails que sugerem a existência de uma versão falsa do balanço da empresa, planejada para ser apresentada ao Conselho de Administração e ao mercado. Os documentos, entregues nesta terça-feira (13), também apontam indícios de envolvimento das empresas de auditoria PriceWaterhouseCoopers (PwC) e KPMG na elaboração de relatórios com conteúdo favorável à empresa. As informações são do Estadão.

Os bancos Itaú (ITUB4) e Santander (SANB11) suavizaram cartas de circularização relacionadas a financiamentos para fornecedores, conhecidos como “risco sacado”, conforme apontado.

Durante a CPI, o CEO Leonardo Coelho mencionou trocas de e-mails entre auditores da KPMG e a diretoria da Americanas para suavizar termos da carta de auditoria. “Deficiências significativas” foi substituído por “recomendações que merecem atenção da administração”.

No que diz respeito aos e-mails trocados entre a PwC e a diretoria da Americanas, Coelho afirmou que o documento carece de contexto, mas sugere que a auditoria teria proposto uma redação que tornasse as questões relacionadas a operações de risco sacado menos claras. Nas imagens apresentadas, é possível ver a sugestão de uma funcionária da auditoria para modificar a redação da empresa.

O Itaú entrou em contato com à reportagem e se posicionou a respeito das acusações do ex-CEO da Americanas. Confira abaixo na íntegra:

“O Itaú Unibanco esclarece que as cartas de circularização, que são instrumento de apoio aos trabalhos de auditoria, até 2017 traziam o saldo integral das operações de antecipação contratadas por fornecedores, denominadas “risco sacado”. A partir de 2018, após discussões de mercado, a carta de circularização foi restringida para refletir apenas as operações contratadas diretamente pela Americanas, com a exclusão do saldo das operações de antecipação contratadas por fornecedores. Por outro lado, como medida de transparência, foi adicionado o parágrafo que alertava para a realização de operações de antecipação de recebíveis emitidos contra a Americanas, permitindo que as empresas de auditoria conhecessem sua existência e questionassem sobre seu saldo, caso necessário. O Itaú reforça que a elaboração das demonstrações financeiras é responsabilidade exclusiva da companhia e de seus administradores. É leviano atribuir a terceiros a responsabilidade pela fraude, confessada ontem pela companhia ao mercado.”