As negociações para a rolagem da dívida da Americanas (AMER3) com os bancos ficaram ainda mais estremecidas após as instituições financeiras se recusarem a se transformar em acionistas da companhia. A percepção dos negociadores foi a de que a empresa tenta “dividir a conta”.
Segundo apurou o Estadão/Broadcast, uma das propostas colocadas à mesa era a de que os sócios injetassem R$ 6 bilhões na companhia e que os bancos credores entrassem com outros R$ 6 bilhões. A dívida da Americanas está estimada em R$ 40 bilhões.
A injeção do montante daria às instituições uma fatia acionária da companhia, numa conversão proporcional às dívidas com cada banco. Em termos nominais, os mais expostos são Bradesco, Santander, Itaú, Safra e BTG, que, na semana passada, tentou congelar um depósito de R$ 1,2 bilhão da companhia.
Os bancos querem que os acionistas de referência – Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira – desembolsem algo entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões.
Ainda de acordo com à publicação, um banqueiro afirmou que um valor inferior ao estipulado não seria nem cogitado.
Americanas (AMER3): qual o rumo das ações dos bancos credores?
Para especialistas consultados pelo BP Money, as ações dos bancos credores não devem sofrer tanto, caso o cenário siga sem mais surpresas nos próximos dias. Segundo Paulo Luives, assessor de investimentos da Valor, em termos de rumo para as ações de bancos, os maiores credores devem sofrer mais. Mesmo assim, o efeito não será tão forte sobre os papéis, já que, historicamente, esses bancos têm margens de cobertura elevadas, ou seja, possuem capacidade para arcar com despesas e dívidas “inesperadas” com suas próprias reservas financeiras.
“Vai depender muito do percentual que cada banco que tinha na dívida da Americanas, né? Geralmente, a carteira de crédito desses bancos são bem pulverizadas, e os bancos, historicamente, tem margens de cobertura bem elevadas, então, teoricamente, devem suportar uma possibilidade até de default”, disse Luives.
Para Flavio Conde, da Levante, a queda das ações de bancos nos últimos pregões já desconta a perda estimada com o “fator Americanas”.
“A questão agora é o que vai ser combinado. Provavelmente, vai ter uma negociação e eles vão alongar o prazo da dívida. Em relação às ações, os papéis que caem já reagem de cara e a reagem com o pior cenário à vista. Em seguida, conforme vier as negociações entre bancos e a Americanas, as ações devem se recuperar. Piora não deve ocorrer para os papéis de bancos”, afirmou Conde.