O CEO da Americanas (AMER3), Leonardo Coelho, afirmou que a fraude bilionária que levou a companhia a pedir recuperação judicial no início deste ano “nunca abalou a confiança” dos clientes das lojas físicas da marca. Por outro lado, o executivo diz que a operação online foi prejudicada em meio à crise iniciada em janeiro deste ano.
Em entrevista para o Uol, Coelho declara que a Americanas recuperou a credibilidade do consumidor online. Ele, que assumiu o comando em fevereiro, afirma que a varejista tem trabalhado para fortalecer a operação do marketplace. No início da recuperação judicial da empresa, consumidores reclamaram que a entrega de produtos estava em atraso ou que sequer receberam seus pedidos. Ainda, a crise financeira despertou o receio de quem faz compras na internet e até de seus vendedores do marketplace.
As vendas nas lojas físicas estão blindadas da crise financeira, segundo Coelho. Ele diz que o fluxo de vendas nas unidades neste ano segue “compatível” com o de 2022, embora não tenha apresentado números comparativos.
“No mundo físico, a confiança do cliente nunca foi abalada. No digital, foi abalada lá no começo, especialmente a dos clientes e sellers [vendedores da plataforma]. Mas, com todas as ações de entrega e serviços prestados aos nossos sellers, inclusive com a intensificação de repasses, porque antes a gente repassava 15 anualmente, agora temos a opção de repassar semanalmente para o seller as vendas que ele faz pelo marketplace”, disse o CEO.
Americanas tem prejuízo líquido de R$ 12,9 bi em 2022
A Americanas, que enfrenta uma fraude bilionária, apresentou ao mercado na manhã desta quinta-feira (16), seus resultados ajustados referentes aos anos de 2021 e 2022, após quatro adiamentos, e 11 meses após a divulgação de um dos maiores escândalos contábeis do Brasil.
A varejista revisou seu desempenho financeiro, alterando o lucro líquido de R$ 544 milhões registrado em 2021 para um prejuízo de R$ 6,237 bilhões. Além disso, a Americanas reportou um prejuízo de R$ 12,912 bilhões em 2022, indicando um aumento nas perdas de 104% em comparação com 2021.
Conforme indicado no relatório, o desempenho financeiro adverso é atribuído a um operacional fraco, despesas financeiras elevadas e lançamentos extraordinários.
A receita líquida consolidada alcançou o montante de R$ 25,8 bilhões no ano passado, destacando o varejo digital e físico como as principais unidades de negócio, representando aproximadamente 87% do total. Esse valor reflete um aumento de 14,6% em comparação com os R$ 22,521 bilhões reportados no ano anterior.
O lucro bruto no ano, por sua vez, foi de aproximadamente R$ 5,0 bilhões e a margem bruta atingiu a marca de 19,5% da receita líquida, “impactada pelo real custo de mercadorias vendidas, que já não contava com a fraude de lançamentos de contratos fictícios de VPC que reduziam o custo”, explica a Americanas. “Outro impacto relevante foi a provisão de obsolescência de estoques no valor de R$ 744 milhões, que teve contrapartida na linha de custos de mercadoria vendida.”
Já as despesas gerais e administrativas, atingiram o montante de R$ 9,0 bilhões, equivalente a 35,0% da receita líquida. Deste valor, R$ 4,8 bilhões foram destinados a despesas com vendas, enquanto R$ 4,2 bilhões foram alocados para despesas gerais e administrativas.
O resultado financeiro consolidado do exercício social de 2022 foi negativo em R$ 5,2 bilhões, um salto de 230,7% sobre as perdas financeiras do ano de 2021.
Desse modo varejista destaca que o valor “já considera as despesas de juros dos contratos de risco e contratos de capital de giro devidamente contabilizados”.