A Americanas (AMER3) entrou com recurso no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) contra decisão de primeira instância que autorizou uma operação de busca e apreensão dos e-mails de diretores e conselheiros da varejista nos últimos dez anos. A companhia alega que ainda não foi notificada da decisão, porém pede efeito suspensivo da liminar obtida na quinta-feira (26) pelo Bradesco (BBDC4).
No recurso, a varejista afirma que o caso do rombo de R$ 20 bilhões já está sendo investigado por um comitê independente dentro da própria Americanas e pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), com auxílio da Polícia Federal e do Ministério Público.
“Tudo isso demonstra que o tema tem sido abordado com toda a severidade necessária, mediante apuração dos fatos não apenas por parte do Grupo Americanas, que visa resguardar os interesses da empresa, seus acionistas e milhares de funcionários, mas, igualmente, por parte das autoridades competentes”, disse o recurso, elaborado pelos escritórios Basílio Advogados e Salomão Advogados.
O documento ainda relata que a apuração de eventual fraude interessa não apenas ao Bradesco, mas ao próprio Grupo Americanas. Apesar disso, a defesa da empresa de varejo alega que essa investigação não pode ser promovida de forma atabalhoada.
Nesta sexta-feira (27), por volta das 17:35 (de Brasília), as ações da Americanas avançavam 16,50%, cotadas a R$ 1,20.
Americanas (AMER3): provisões devem afetar resultados dos bancos
As provisões que devem ser realizadas pelos bancos credores, após o pedido de recuperação judicial (RJ) da Americanas (AMER3), devem afetar os resultados das instituições financeiras referentes ao quarto trimestre do ano passado, além do primeiro trimestre deste ano. As informações foram divulgadas em relatório da Moody’s e publicadas pelo jornal “Valor Econômico”, nesta sexta-feira (27).
De acordo com a Moody’s, não há uma regra específica sobre o nível de provisões em caso de recuperação judicial, porém os bancos devem provisionar um mínimo de 30% (podendo chegar a 50%).
Dessa forma, uma parte deve aparecer no balanço do quarto trimestre e outra no primeiro trimestre de 2023.
“Com o pagamento da dívida suspenso durante a recuperação judicial, os bancos continuarão a rebaixar o rating da empresa nos próximos dois trimestres até que as obrigações superem 180 dias de atraso e a empresa finalmente seja movida para o nível de risco mais alto, ‘H’, que gera um provisionamento intregal da exposição”, informou a Moody’s.
A agência ainda destacou que a dívida pode aumentar mais ainda, se os bancos atuaram como fiadores fiadores dos fornecedores e outros credores da Americanas.
Para a Moody’s, BTG, Safra, Daycoval e Banco ABC apresentam os maiores riscos de concentração de tomadores, com a exposição à Americanas.