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Americanas (AMER3): Safra move ação para frear recuperação judicial

Segundo o banco, a varejista propôs um plano que busca evitar investigações

O Banco Safra acionou a Justiça nesta segunda-feira (4) para impedir a recuperação judicial da Americanas (AMER3). Segundo o Safra, que detém cerca de R$ 2,5 bilhões de crédito a receber da empresa, a companhia e seus acionistas de referência, composto pelos empresários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, propuseram um plano de recuperação que busca “evitar que os credores continuem investigando as verdadeiras causas das fraudes perpetradas na Companhia”. O banco também questiona a legalidade do plano de recuperação.

Segundo a instituição, o conselho de administração da Americanas nomeou um “comitê independente” escolhido por ele a dedo, que se reporta ao mesmo conselho, e este comitê tem a “missão absurda de investigar quem o nomeou”.

Todos esses fatos agora, prossegue o Safra, com a apresentação do novo plano de recuperação, “tentam ser encobertos na manobra audaciosa de condicionar o voto dos credores a um compromisso de não litigar ou investigar contra os acionistas controladores e contra seus familiares e outros conselheiros da Americanas”.

No documento, o Safra pede a exclusão de 20 cláusulas do plano de recuperação judicial e do PSA (Plan Support Agreement), que foi anunciado em novembro, com apoio dos principais credores às condições propostas pela Americanas para pagar sua dívida total de R$ 42,5 bilhões.

Americanas: acordo é primeiro passo de longa caminhada

No dia 27 de novembro, a Americanas anunciou que fechou acordo entre seus principais credores para apoio à aprovação do Plano de Recuperação Judicial (PRJ) na Assembleia Geral de Credores (AGC), convocada para 19 de dezembro.

O PSA (Plan Support Agreement) contempla a capitalização de R$ 24 bilhões, com R$ 12 bilhões provenientes dos acionistas de referência – Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira – e outros R$ 12 bilhões resultantes da conversão de dívida concursal por parte dos credores.

Especialistas ouvidos pelo BP Money avaliam que este é o início de uma longa jornada que a gigante do varejo vai precisar percorrer para se reestruturar e voltar ao patamar de antes da crise financeira.

“É um passo importantíssimo que poderá contribuir para que a empresa retome uma trajetória de crescimento e recuperação de sua credibilidade junto a credores e acionistas. O acordo dará credibilidade à sua estrutura patrimonial e vai ajudar na composição de estoque e fluxo de capital entre seus fornecedores e credores e com isso dará possibilidade de projetarmos o processo de recuperação, que certamente demandará alguns anos”, analisa a estrategista de renda variável da InvestSmart, Mônica Araújo.

“Lembrando que é importante que haja também melhoria do setor de varejo, aumento de demanda, redução do nível de endividamento das famílias e da taxa de juros”, acrescentou Mônica.

O especialista da área Insolvência do Rayes e Fagundes Advogados, Brenno Mussolin Nogueira, também acredita que a varejista tem condições de ressurgir das cinzas, mas ele projeta que a crise ainda deve durar um bom tempo até que seja resolvida.

“Pelo porte da companhia, investidores de referência com preocupação do rumos da reestruturação e todo apoio de mercado, entendemos que a Americanas tem boas perspectivas de se reestruturar completamente em médio/longo prazo”, indicou.