Economia

André Esteves, do BTG, defende Brasil e crítica situação fiscal dos EUA

Para André Esteves, chairman do BTG, o Brasil tem avançado na criação de um arcabouço fiscal, enquanto os EUA mal aborda o tema nas campanhas eleitorais

André Esteves
André Esteves, dono do BTG Pactual / Foto: Divulgação

O chairman e sócio do BTG Pactual (BPAC11), André Esteves, defendeu a política fiscal do governo brasileiro e criticou o debate acerca do tema nos EUA. Em sua avaliação, não apenas o Brasil tem avançado na criação de um arcabouço fiscal como pontuou que o tema pouco aparece nas campanhas da eleição americana.

“De certa forma, a situação brasileira é similar aos EUA, incluindo em termos de déficit nominal em relação ao PIB. A diferença é que nós não temos uma impressora [de dólares], então precisamos ser mais rigorosos, disciplinados”, comentou Esteves durante evento da Bloomberg New Economy, em São Paulo. 

A boa notícias, ainda seguindo sua avaliação do cenário, é que o fiscal é debatido diariamente no Brasil. “Primeiro passo para resolver um problema é identificá-lo. Nos EUA, vocês não estão nem discutindo o assunto”, acrescentou o executivo do BTG.

Com relação à economia, os mercados brasileiros estão mais pessimistas do que é o estado real, segundo ele. André Esteves comentou que o PIB vai crescer 3,1% este ano, sem problemas no balanço externo e com as expectativas de inflação um pouco acima da meta, de acordo com o “Valor”.

Apesar da falta de confiança dos mercados nos resultados fiscais de longo prazo, na visão de Esteves, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem feito um bom trabalho em criar uma estrutura fiscal que traga estabilidade. 

Nesse aspecto, ele lembrou que o rating do Brasil foi elevado recentemente por duas agências de classificação de risco.

Reformas estruturais importantes têm sido aprovadas no Brasil, segundo o chairman do BTG, como a trabalhista no governo Temer, a previdenciária na administração Bolsonaro e a tributária agora na gestão Lula. 

Quanto aos principais erros do Governo Lula 3, Esteves afirmou preferir ter um fiscal mais apertado, em vez de uma política monetária mais restritiva. 

Segundo ele, o Brasil construiu uma rede de proteção social fantástica nas últimas décadas, mas com o desemprego nas mínimas históricas, talvez seja o momento de rever algumas dessas medidas “e levar as pessoas de volta para o mercado de trabalho”, disse ele.

André Esteves vê inflação baixa e oportunidades no Brasil

Para André Esteves, presidente do Conselho de Administração do BTG Pactual (BPAC11), o Brasil tem “inflação baixa,balança de pagamentos forte e democracia consolidada”. As declarações ocorreram durante o FII Priority Summit, encontro de líderes e executivos realizado no Rio de Janeiro. 

Esteves deu ênfase nas oportunidades de investimentos entre o País e a Arábia Saudita, bem como entre as regiões do Oriente Médio e a América Latina

“[No Brasil] Temos inflação baixa, balanço de pagamentos forte, […] Grandes investimentos, Estado de direito. É uma democracia consolidada. Nesse mundo de transição, em que segurança alimentar é uma palavra-chave, o Brasil é um dos líderes, com escala. E em uma região geopolítica calma e um país pacificador”, comentou o executivo.

Além disso, Esteves pontuou sobre o dito processo de “desglobalização”, porém saiu em defesa das diferentes maneiras de encarar a questão, citando aspectos que indicam outro caminho, de acordo com o “Valor”.

“Muitos falam de desglobalização, mas temos diferentes formas de olhar para o tópico. Agora o G20 tem mais poder que o G7, é um novo fórum. Falamos do Sul Global, é um novo grupo, ao falarmos de governança global. Eu gosto do que vejo”, frisou.