O presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Márcio Lima Leite, que a redução de impostos no setor, anunciada pelo governo federal, está produzindo efeitos imediatos na cadeia de produção automobilística. Ele disse que as montadoras já estão alterando planejamentos para poder produzir mais.
“Nós tivemos notícias de três fábricas que suspenderam lockdowns [paralisação dos trabalhos por falta de demanda] que estavam previstos. O efeito [da redução dos impostos] é imediato [e isso explica] a urgência dessas medidas”, disse, em entrevista, na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). As informações são da Agência Brasil.
Para ele, a queda de impostos poderá elevar a produção do setor em cerca de 300 mil veículos por ano. Ele ressaltou, no entanto, que as medidas ainda não foram anunciadas na sua integralidade.
“Essas medidas podem impactar o mercado entre 200 ou 300 mil unidades, mas depende, porque nós ainda não conhecemos todas as regras. Mas não seria muito imaginar algo em torno de 200 mil a 300 mil unidades dependendo de como vai ser essa composição que será anunciada”, acentuou.
Leite garantiu que o corte de impostos não irá causar diminuição na tecnologia empregada nos carros, assim como não haverá redução na segurança dos veículos e no cuidado ambiental.
“Os itens de segurança obrigatórios, que foram uma grande conquista para o consumidor e para a sociedade, eles estão mantidos. Não há qualquer flexibilidade em relação à segurança veicular. Igualmente, não há qualquer flexibilidade quanto à questão ambiental e há um estímulo em caráter social em função do preço do veículo”, finalizou.
Haddad: programa para batear veículos será temporário
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que as medidas de estímulo ao setor automotivo, que inclui a redução de parte dos tributos federais nos carros de entrada, são ações “temporárias”.
Em entrevista à GloboNews nesta sexta-feira (26), Haddad afirmou que o plano foi encabeçado pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e vice-presidente, Geraldo Alckmin, e que a Fazenda trabalha agora nos cálculos sobre o custo do programa e duração.
O ministro chegou a ventilar que as medidas seriam somente para este ano, enquanto não se inicia um ciclo de baixa de juros, mas disse que a Fazenda ainda anunciará os detalhes mais específicos. Segundo Haddad, a equipe ainda analisa “quantos meses [o programa] vai durar”.
“É um projeto curto no tempo, este ano, para acomodar essa transição de falta de crédito e pátios lotados”, afirmou Haddad. “Não é um programa de longo prazo. É um programa de alguns meses neste ano.”
O desejo do Planalto era apresentar os detalhes de impacto do plano no Dia da Indústria, na quinta-feira (25), mas os estudos não foram concluídos a tempo.
“Estamos fazendo as contas — era para ter feito até 25 de maio que era o Dia da Indústria, mas não foi possível”, disse Haddad.