O anúncio feito pelo governo federal de que a indústria siderúrgica investiria R$ 100 bilhões no Brasil até 2028 pode ter sido um “movimento político”, segundo uma fonte do setor disse à Reuters.
Isso porque o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o seu vice, Geraldo Alckmin, deram a entender que o valor bilionário referia-se a novos empreendimentos, quando, na verdade, englobam boa parte de projetos já em andamento e previamente divulgados.
“Foi um anúncio em que não se falou nada. Não vi nada de novo… Faltou substância”, disse a fonte. “Anunciaram 100 bilhões para gastar no que? Quando?”, completou.
Entre os planos de investimento já anunciados pela indústria siderúrgica brasileira estão R$ 25 bilhões da ArcelorMittal entre 2022 e 2026. A conta inclui a compra da Companhia Siderúrgica do Pecém, no Ceará, por R$ 11,4 bilhões, concluída em março do ano passado.
A Gerdau, por sua vez, tem planos de investir R$ 8,6 bilhões em suas operações no Brasil entre 2021 e 2026, cifra que inclui R$ 1 bilhão em expansão florestal, em meio à estratégia do grupo de reduzir sua pegada de carbono.
Já a CSN, que nos últimos anos vem se diversificando e concentrando esforços no setor de cimento, menos afetado por importações, tem planos de investir por ano R$ 6 bilhões a R$ 7 bilhões em média entre 2025 e 2028 em projetos que incluem além de aço e cimento, mineração.
Em abril, o governo atendeu a uma forte demanda das siderúrgica para elevar a alíquota de importaçao sobre alguns tipos de aço. A ideia propôs uma cota de importação – que seria a média das compras de 2020 a 2022.
Sobre o que for importado dentro desse volume, incidirá as alíquotas de importação atuais. Se as compras ultrapassarem essa cota, o imposto de importação irá a 25%.
A medida ainda depende de regulamentação, que, segundo Alckmin, será “rápida”. O vice-presidente ainda disse que há 10 investigações antidumping em curso pelo governo federal direcionadas a importações siderúrgicas.