Possível apoio de Tebet a Lula pode mexer com dólar; entenda

Apesar de uma possível maior volatilidade, impactos devem ser moderados no curto prazo

O resultado do segundo turno das eleições presidenciais de 2022 deverá ter grande influência dos candidatos que ficaram na terceira e quarta posição (Simone Tebet e Ciro Gomes, respectivamente). O mercado reagiu positivamente, na última segunda-feira (3), à demonstração de força de Bolsonaro nas urnas. Por isso, com o provável apoio de Tebet a Lula, a dúvida sobre o que pode acontecer com o dólar e o mercado, nas próximas semanas, aumentou. 

Enquanto Bolsonaro recebeu o apoio do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), Ciro fez um vídeo anunciando que acompanhará o PDT em apoio a Lula. Com isso, resta saber se Tebet fará o mesmo. O MDB liberou seus diretórios para apoiar quem preferirem no segundo turno, nesta terça (4). 

Vale lembrar que os eleitores desses políticos deverão, em grande parte, seguir a linha ideológica deles. Por isso, existe a chance de um maior número de votos para quem receber esse apoio na corrida eleitoral. 

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De acordo com Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos, com a possibilidade de apoio de Tebet a Lula, deve ocorrer um viés de alta no dólar, porém não tão grande. 

“Caso a Tebet apoie Lula, coloca algum viés de alta no dólar, porque aumenta as chances do ex-presidente, mas ao mesmo tempo vai depender muito de como o próprio Lula vai se portar até o segundo turno. Ele tem dado sinalizações em direção a uma moderação maior. Adiciona um leve viés de alta para o dólar, mas não é nenhuma bala de prata. Outros fatores vão acabar pesando mais até lá”, disse Beyruti. 

O analista da Guide afirmou que o fato de grande parte dos governos estaduais terem ficado com o perfil mais de centro-direita, após o primeiro turno das eleições, acabou favorecendo Bolsonaro, deixando a disputa ainda mais acirrada no segundo turno. 

Eduardo Reis, gerente de relacionamento de câmbio comercial, destacou o mesmo ponto colocado por Beyruti. “A composição do Congresso teve uma repercussão positiva junto à Bolsa. Investidores injetaram dinheiro e o real ganhou força. Se o Lula ganhar, claro que causa um risco na nossa Bolsa, automaticamente o real pode perder força, tem essa expectativa de alta do dólar, porque há uma composição do Congresso visando o partido do Bolsonaro e automaticamente o nosso possível líder do Brasil com outra visão, desfazendo todo processo que está com uma perspectiva positiva, então os investidores veem isso com maus olhos”, afirmou Reis. 

“Vendo por esse lado, pode existir a perda de valor da moeda brasileira com ganho da moeda americana”, acrescentou o gerente de relacionamento de câmbio comercial. 

Reis destacou que, a curto prazo, nenhum dos dois (Lula ou Bolsonaro) vai causar um impacto tão grande nas contas do País, mas é uma situação que deixa o mercado em alerta de risco porque pode fugir um pouco do que o investidor espera. 

Para Alison Correa, CEO da Top Gain, o apoio de Tebet a Lula seria importante para o candidato em termos de votos, em percentuais, mas no mercado de câmbio não teria impacto. 

“A tendência do dólar não acredito que se altere por conta dessa notícia que seria bem positiva para o Lula. O que pega muito mais é a questão inflacionária, o possível aumento das taxas de juros pelos bancos centrais mundiais, a possibilidade de recessão internacional e alta nas commodities. Dólar tende a se manter do jeito que ele está”, afirmou Correa.

Composição do Congresso diminui volatilidade em caso de vitória de Lula

Especialistas consultados pelo BP Money destacaram que a composição do Congresso Nacional após as eleições pode favorecer o mercado, mesmo em caso de vitória de Lula nas eleições. 

Segundo Thiago Calestine, economista e sócio da DOM Investimentos, o pregão da última segunda-feira (3) já mostrou a percepção de redução de risco institucional, por parte do mercado, por conta da nova composição tanto da Câmara dos Deputados quanto do Senado.

“Até mesmo se o Lula for eleito, acredito que não vai ter muita diferença na moeda, porque o arcabouço institucional brasileiro foi composto por pessoas que tem como missão manter o norte fiscal e deixar as contas nos trilhos, então não acredito que a moeda vai variar muito”, disse Calestine.

Alex Martins, analista da Nova Futura Investimentos, também destacou como positiva (para o mercado) a formação do Congresso com candidatos de centro-direita na maioria das cadeiras. 

“Acho que vai servir como um freio em qualquer medida mais populista, caso o Lula venha ganhar, então mesmo que a Simone Tebet apoie o Lula, no segundo turno, acho que a visão do mercado de um Congresso mais a direita, e com ideias mais liberais, a favor de um controle de gastos, já foi interpretada pelo mercado como uma formação melhor do que se cogitava”, disse Martins.

“Caso Bolsonaro acabe se reelegendo, o mercado vai ficar bem mais otimista, no sentido de governabilidade, porque a dificuldade que ele estava tendo nos primeiros quatro anos praticamente vai ser mitigada com essa Câmara e esse Senado mais a direita. Acho que independente do que venha a acontecer, o mercado já comprou a ideia de um Congresso bem mais forte, bem disposto a reformas e acho que isso vai ditar o rumo”, concluiu Martins. 

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