A crescente depreciação do real frente ao dólar está fazendo os investidores perderem a fé em uma virada de chave para a moeda brasileira. A posição comprada em dólar via derivativos (dólar futuro, dólar mini, swap e cupom cambial) por estrangeiros bateu o recorde de US$ 70,3 bilhões, segundo dados divulgados pela B3.
A posição comprada em dólar pode ser lido como uma aposta na valorização da moeda norte americana e, consequentemente, na desvalorização do real.
A demora do Fed (Federal Reserve) para iniciar os cortes nas taxas de juros foi levando a posição a ficar entre US$ 55 bilhões e US$ 60 bilhões. Depois, a mudança da precificação de cortes de juros nos EUA fez a posição ficou oscilar entre US$ 60 bilhões e US$ 65 bilhões nos três primeiros meses do ano.
Agora, as tensões geopolíticas, intensificadas com o conflito entre Irã e Israel, e o pessimismo em relação à dívida pública brasileira, reforçado pela mudança da meta fiscal, fizeram a posição chegar aos níveis atuais.
Há um ano, o cenário era bastante diferente. Em 17 de abril de 2023, diante de um cenário externo menos conturbado e com algum otimismo sobre a agenda fiscal no Brasil, a posição comprada em dólar do estrangeiro estava em US$ 35,1 bilhões.
B3: estrangeiros sacam mais R$ 645 mi em 12 de abril
No dia 12 de abril, os investidores estrangeiros retiraram R$ 645,0 milhões do mercado secundário da B3 (ações já listadas), coincidindo com a queda de 1,14% do Ibovespa nesse dia.
Com isso, o saldo negativo mensal para essa categoria atingiu R$ 3,35 bilhões, enquanto o saldo negativo anual totalizou R$ 26,25 bilhões.
Ao mesmo tempo, os investidores institucionais retiraram R$ 348,5 milhões no mesmo período.
Isso resultou em um saldo negativo mensal de R$ 935,4 milhões para esse grupo, embora o saldo anual ainda se mantenha positivo, em R$ 614,8 milhões.
Por outro lado, os investidores individuais aportaram R$ 583,3 milhões no mesmo dia, gerando um saldo positivo mensal de R$ 2,41 bilhões e um superávit anual de R$ 15,05 bilhões, de acordo com dados divulgados pela B3.
O acumulado de 2024, a retirada é de cerca de R$ 23,5 bilhões, é o pior da série histórica desde 2008, segundo os dados da Necton.