A Apple (AAPL34), uma das empresas mais valiosas do mundo, tem realizado cada vez mais esforços para incorporar IA (Inteligência Artificial) em seus dispositivos. Essa movimentação vem permeada por um mercado extremamente competitivo e investidores acompanhando de perto os altos custos para a implementação da tecnologia.
“Apesar de seu esforço em incorporar IA aos dispositivos, as vendas não atingiram as expectativas”, comentou Bruna Alleman, head da mesa internacional da Nomos.
Nos últimos anos, a companhia lançou alguns projetos relacionados à IA, mas enfrentou insucessos, principalmente em áreas como realidade aumentada e outros produtos específicos.
Por outro lado, o lançamento do iPhone 16 e do iPhone 16 Pro — equipados com o recurso Apple Intelligence — evidencia um esforço considerável para reposicionar a companhia nesse mercado.
“Esses dispositivos trazem recursos como resumo e reescrita de textos, geração de imagens e outras tarefas, tudo com foco na privacidade. Essa abordagem reforça a estratégia da Apple de manter o controle total sobre os dados gerados por suas tecnologias”, acrescentou a especialista.
Além dos iPhones, os modelos do MacBook Pro, bem como o chip M4, também foram implementados com recursos avançados de IA. Contudo, mesmo com esses avanços, é notório que a empresa ainda enfrenta dificuldades para se consolidar nesse mercado, principalmente quando se considera os fracassos recentes, como os ligados a projetos de carros autônomos.
Mas o gestor da Hike Capital, Angelo Belitardo, lembra que o mercado “reconhece os esforços contínuos da Apple para manter sua posição de liderança em tecnologia e inovação”.
Ações: Apple pode enfrentar ‘dificuldades no longo prazo’, diz analista
Os altos e baixos da empresa naturalmente acabam reverberando nas ações da companhia. “Sou moderadamente positivo a médio prazo, com alertas de possíveis dificuldades maiores no longo prazo”, afirmou o analista de investimentos da Levante Inside Corp, Gerson Brilhante.
Essas dificuldades vêm à medida que outras empresas adotam medidas e implementações que aumentam a competitividade no setor de tecnologia. Além disso, questões com governos, como Brasil e EUA, também podem ampliar esses entraves.
No dia 25 de novembro de 2024, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) determinou uma medida preventiva em que agora a Apple terá que alterar o iOS em até 20 dias no Brasil. Assim, os desenvolvedores e usuários poderão decidir os sistemas de pagamento para compras em aplicativos. O não cumprimento da determinação está sujeito a multa diária de R$ 250 mil.
Além disso, nesse mesmo sentido, os EUA estão com “questões” envolvendo a Alphabet para, segundo o governo norte-americano, regularizar o ambiente competitivo. O receio é que, após a conclusão dos trâmites, o governo passe a “mirar” outras companhias, como Microsoft, Apple e afins.
Diante de todo esse cenário, analistas apontam que as ações da companhia correm o risco de enfrentar uma contração. “Embora a projeção para os próximos 12 meses sugira um preço-alvo de até US$ 300, há também o risco de queda para cerca de US$ 184, o que representa uma perda significativa”, disse Bruna Alleman, head da mesa internacional da Nomos.
Um fator que tem sido observado é que o megainvestidor Warren Buffett anunciou, há tempos, que reduziu consideravelmente sua participação acionária na companhia.
Segundo o especialista em finanças e fundador da Atom, Joaquim Paifer, isso poderia mostrar um possível “upside bastante limitado” para as ações. “Com certeza podem haver indícios de que toda a inovação a curto prazo já está muito bem precificada”, comentou.