Argentina: mercados e peso são pressionados após vitória da ultradireita

Em sua campanha, Javier Milei prometeu dolarização e dissolução do BC

A pressão sobre a moeda e o mercado da Argentina aumentou nas primeiras horas desta segunda-feira (14), após a vitória do candidato libertário de extrema-direita Javier Milei nas eleições primárias.

Durante a campanha, Milei enfatizou que, se eleito, irá impor a dolarização e dissolução do Banco Central. O resultado de Milei nas primárias surpreendeu ao superar em muito as previsões obtendo cerca de 30% dos votos, com 90% das urnas apuradas.

Em resposta ao resultado preliminar, o BC da Argentina decidiu desvalorizar o peso em 22% e, para compensar essa queda, elevou a taxa básica de juros em 21 p.p., para 118%. 

Com isso, um dólar passa a valer 350 pesos. No mercado paralelo, o “blue” está cotado acima de 600 pesos.

Na abertura do mercado, o principal índice de ações S&P Merval perdia 3,5%, para 463.471 pontos, ante aos 480.914,59 pontos do fechamento da sexta-feira (11).

Para vencer as eleições do dia 22 de outubro, um candidato precisa atingir 45% dos votos ou 40% e uma vantagem de 10 pontos sobre o segundo colocado. Caso não haja um vencedor no primeiro turno, uma votação entre os dois principais candidatos ocorrerá em novembro.

Mercados se preparam para turbulência com vitória de populista

No domingo (13), enquanto os principais mercados nacionais permaneciam fechados durante a noite, as plataformas online de negociação de criptomoedas refletiam um enfraquecimento do peso em relação ao dólar, atingindo uma queda de até 15%. Isso ocorreu em um volume de negociações relativamente modesto, após Javier Milei conquistar a liderança nas eleições de domingo na Argentina, garantindo cerca de um terço dos votos. Este congressista pouco conhecido se autodenomina libertário e advoga pela dolarização da economia.

O estrategista-chefe do BTG Pactual em Buenos Aires para a Argentina, Alejo Costa, afirmou que é esperada uma queda nos preços dos títulos e uma desvalorização da moeda doméstica de até 14% na segunda-feira, nos mercados paralelos, que são utilizados para contornar as restrições regulatórias.

“Os investidores gostam da mensagem econômica de Milei, mas temem a execução e o risco institucional, considerando sua falta de poder no Congresso e seu estilo agressivo”, disse Costa.