O ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, comunicou ao mercado, que fez um acordo para congelar os preços de combustíveis no país até 31 de outubro.
Nesse sentido, em 22 de outubro, haverá o primeiro turno na disputa presidencial na Argentina, com Massa entre os candidatos.
“Concordamos, após um trabalho de entendimento entre as refinarias, os produtores e o Estado, que não haverá mais aumento de combustíveis até 31 de outubro”, afirmou Massa no X (ex-Twitter). Também houve declarações do ministro à imprensa sobre o assunto.
Na última segunda-feira (14), o governo promoveu uma desvalorização do peso em relação ao dólar, com uma queda de 22%. Sendo assim, a medida resultou em um aumento significativo nos preços internos, devido à elevada cotação da moeda americana no mercado paralelo, conhecido como “dólar blue”. Nesta quinta-feira (17), o dólar blue foi cotado a 760 pesos, acentuando ainda mais a pressão inflacionária.
Em suma, nas eleições primárias do último domingo, Massa garantiu o terceiro lugar, enquanto a vitória coube a Javier Milei. O contexto do país é caracterizado por uma taxa de inflação que já ultrapassou a marca de 100% ao ano. Diante das recentes turbulências nos mercados locais, os analistas preveem um agravamento desse cenário inflacionário. Mesmo diante da decisão do Banco Central da República Argentina (BCRA) de implementar um substancial aumento na taxa de juros nesta semana, espera-se que a inflação continue a acelerar.
Vitória de Milei pode beneficiar Brasil; entenda
A semana começou com o mundo olhando para a Argentina. O candidato de extrema direita do Libertad Avanza, Javier Milei, surpreendeu e venceu as eleições primárias que aconteceram no domingo (13), com 30% dos votos. Durante a campanha, ele enfatizou que, se eleito, irá impor a dolarização e dissolução do Banco Central do país. Mas, apesar de toda a radicalização, as ideias do extremista podem ser benéficas para o Brasil.
O pesquisador do Núcleo de Prospecção e Inteligência Internacional da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Leonardo Paz, vê no liberalismo exacerbado do candidato uma possibilidade de maior abertura para negócios entre os os vizinhos sul-americanos.
“Sem dúvida o mercado brasileiro vai ser afetado pela eleição, porque vai no final das contas colocar a Argentina numa nova situação política. Se a direita ganha, seja com Milei ou com Patrícia Bullrich, ambos já disseram que vão adotar uma postura muito mais agressiva do ponto de vista de liberalização das importações, ou seja, uma coisa que o kirchnerismo vinha fazendo até esse momento, que era tentar restringir as importações para poder proteger o mercado argentino, em tese, cairia, e é bom para o mercado brasileiro, que vai ter menos restrição para poder vender para os argentinos”, destacou o especialista para o BP Money.
Milei ficou à frente da coalizão de oposição de centro-direita da Argentina, com Bullrich, que obteve cerca de 28% dos votos, enquanto o partido atual de esquerda, que tem como representante Sergio Massa, pontuou com 27%.
Com a vitória parcial do extremista, nesta segunda-feira (14), o Banco Central da Argentina decidiu desvalorizar o peso em 22% e, para compensar essa queda, elevou a taxa básica de juros em 21 p.p., para 118%. Com isso, um dólar passa a valer 350 pesos. No mercado paralelo, o “blue” está cotado acima de 600 pesos.