Assaí (ASAI3) estuda cortar investimentos e vender lojas

O Assaí vem buscando reduzir o endividamento, e entende que a venda de ativos ou revisão de investimentos faz mais sentido no curto prazo

Em reunião via teleconferência na terça-feira (4), a cúpula da varejista Assaí (ASAI3) disse que está revisando investimentos e pode reduzir montante ou vender ativos, como lojas próprias, por conta do aumento do custo do capital com a escalada dos juros básicos (Selic). As informações são do jornal “Valor Econômico”.

De acordo com a publicação, dias atrás, rumores surgiram no mercado a respeito da hipótese de a empresa fazer uma oferta primária de ações, e na terça, Belmiro Gomes, presidente da empresa, citou essa questão, negando a hipótese de uma oferta, e ressaltando que a companhia tem outros caminhos para obter recursos, sem ir ao mercado e sem precisar aumentar o endividamento.

A ideia de uma oferta de ações foi mal recebida pelo mercado — o papel caiu no dia 22 de março, após conversas da direção com bancos — em parte porque o controlador Casino estava avançando no plano de oferta secundária, já finalizada, e já haveria aumento considerável do volume de papéis em negociação em bolsa.

A companhia vem buscando reduzir níveis de endividamento, e dentro desse contexto — e também pelas maiores pressões com a taxa Selic — entende que o caminho de venda de ativos ou revisão de investimentos faz mais sentido no curto prazo. Mas a direção destaca que a questão ainda está em avaliação no grupo.

“Não há uma discussão de oferta primária neste momento. O que temos é uma discussão, ainda em andamento, sem decisão tomada, de revisão de investimentos orgânicos em 2023 e 2024, para fazer frente ao aumento do custo da dívida”, disse Gomes.

“Pela pressão de juros, e alavancagem maior, é mais fácil uma revisão de investimentos ou venda de ativos de lojas próprias. Falo isso porque há outras cartas na mesa antes de uma primária”, disse o executivo.

Gomes afirmou que há 22 obras de lojas em andamento neste momento, com conversões de unidades que abrigavam o hipermercado Extra em Assaí, e isso está mantido “por enquanto”, afirmou.

“Se formos a uma Selic de 16%, 17% ao ano, aí a empresa vai cortar investimentos, mas hoje a questão ainda está em estudo e pode ter ou não mudanças nos planos de 2023 e 2024”.

A previsão deste ano do Assaí, a princípio, continua sendo 19 conversões de Extra em Assaí e cerca de 20 inaugurações de lojas novas.

A teleconferência ocorreu para tratar de temas relativos à proposta da administração, a ser votada em assembleia geral ordinária e extraordinária da companhia a ser realizada em 27 de abril.

Nesta quarta (5), por volta de 15h30 (horário de Brasília) as ações operavam em queda de 7,91%, com papéis contados a R$ 13,71.

 

Casino levanta R$ 4,1 bi em venda de fatia da rede

O Casino levantou R$ 4,1 bilhões com nova venda de participação na empresa brasileira de atacarejo Assaí. As informações extra-oficiais foram publicadas pelo Bloomberg.

Segundo as fontes ouvidas pela publicação, o grupo francês – detentor do Assaí – vendeu 174 milhões de ações da atacadista a R$ 16,00 cada, um desconto de 1,5% em relação ao preço de fechamento de quinta-feira (16).

O lote adicional de 80 milhões de ações foi vendido integralmente, fazendo com que a fatia do Casino no Assaí caísse de 30,5% para 11,7%. Assaí e Casino não responderam à reportagem.

O BTG Pactual liderou a operação, que também contou com a coordenação de Bradesco BBI, Itaú BBA e JPMorgan. Goldman Sachs, UBS BB, Citi, Credit Suisse, Safra e Santander Brasil atuaram como joint bookrunners.