No Brasil, o cenário atual é desafiador para os agentes do mercado financeiro. Com a Selic (taxa básica de juros) em patamar elevado e uma política fiscal que gera incertezas, os assessores de investimentos precisam fazer um “dever de casa bem feito”, avalia Bernardo Martins, sócio-diretor comercial do Grupo Fractal Investimentos.
As falas de Martins foram realizadas nesta quarta-feira (19) durante o evento “Café com a Itaú Asset”, promovido pela ABAI (Associação Brasileira dos Assessores de Investimentos) em parceria com o Itaú Asset, em Belo Horizonte.
“Se nós, [assessores de investimento], realizarmos um diagnóstico financeiro do cliente, conseguimos entender melhor a vida dele”, disse o executivo. Ele explicou que, muitas vezes, são estabelecidos aportes mensais conforme a capacidade do investidor. Essas contribuições recorrentes possibilitam ao assessor “fazer preços médios diferentes, ou seja, estamos sempre adquirindo novos ativos”, afirmou.
Assim, o assessor mantém um fluxo contínuo de aquisição de ativos, o que pode impedir mudanças imediatas no portfólio. No entanto, a entrada de novo capital permite realocações estratégicas a preços mais vantajosos, melhorando os resultados da carteira ao longo do tempo.
Assessor precisa ter cautela com custos e risco das operações
“Outro dever de casa, que considero essencial, é que o assessor, nesse momento, pode reforçar a conscientização sobre a importância de priorizar o que é melhor para o cliente. Sabemos que esse conflito de interesse é um desafio diário, principalmente com os juros elevados”, disse Martins ao BP Money.
Ele destacou que operações de curto prazo podem gerar custos elevados. “Se você compra um ativo e vende em um período relativamente curto, os custos operacionais são muito altos. Não conseguimos compensá-los rapidamente”, explicou.
Martins também alertou sobre os riscos do excesso de operações. “Quando o investidor negocia com muita frequência, ele assume um risco ainda maior. Não apenas pela volatilidade dos preços, mas também pelo impacto da tributação na compra e na venda. Até pouco tempo atrás, o investidor sequer conseguia visualizar claramente esses custos”, concluiu.