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Ata do Copom demonstra que panorama pede mais cautela, alerta BofA

O banco prevê que a taxa Selic encerrará o ano em 11,75% e chegará a 9,50% até o final de 2024

Repercutindo a da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, o Bank of America (BofA) destacou que o cenário global incerto e os riscos fiscais exigem uma abordagem mais cautelosa. O banco prevê que a taxa Selic encerrará o ano em 11,75% e chegará a 9,50% até o final de 2024.

O chefe de economia para Brasil e de estratégia para América Latina do Bank of America, David Beker, observou que a ata reiterou a continuidade de novos cortes na taxa Selic, com a mesma magnitude da última decisão, ou seja, 50 pontos-base, que ocorrerão nas próximas reuniões.

“Depois de analisar vários cenários prospetivos, o conselho decidiu que era apropriado manter a estratégia atual, apesar do ambiente mais incerto que exige mais cautela”, aponta Beker.

“O conselho vê uma deterioração no cenário externo, na sequência dos impactos do conflito no Médio Oriente e do aumento dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA”, completa.

Ainda de acordo com Beker, os integrantes do Copom mostraram um maior nível de cautela na condução da política monetária e fizeram menção ao fato de que as expectativas de inflação estão descoladas de suas metas.

Ata do Copom reafirma ritmo de cortes, mas alerta para risco fiscal

O Comitê de Política Monetária (Copom) reafirmou sua intenção de continuar reduzindo a taxa básica de juros, a Selic, em 0,50 ponto percentual nas próximas reuniões. No entanto, a ata da última reunião, realizada na semana passada, trouxe um aviso importante.

O documento ressaltou que o descumprimento das metas fiscais pode resultar em uma necessidade de aumentar a taxa de juros para manter a inflação sob controle. 

Em termos mais técnicos, a taxa neutra, que é aquela que não estimula nem desestimula a economia, poderia ser elevada. Portanto, embora os cortes de juros estejam mantidos por enquanto, existe a possibilidade de que sejam reduzidos ou até interrompidos antes do planejado, caso o governo não consiga cumprir suas obrigações fiscais.

Na ata, o comitê observou que “no período mais recente, cresceu a incerteza em torno da própria meta estabelecida para o resultado fiscal, o que levou a um aumento do prêmio de risco. Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas”.