A ata referente à última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), divulgada nesta terça-feira (6), veio mais dura do que o comunicado publicado anteriormente, na avaliação de especialistas ouvidos pelo BP Money.
Isso porque o texto da ata diz explicitamente que os membros do comitê estão prontos para elevar a Selic caso julguem necessário.
O comitê destacou piora na simetria no sentido de alta de inflação, com o mercado de trabalho muito aquecido, a aversão ao risco externo e a preocupação com o arcabouço fiscal.
“Estamos no limite de entrar em um ciclo de alta de juros no Brasil, segundo o que está escrito na ata. Me parece que este Copom não vai ter dúvidas em subir os juros se o cenário continuar esse”, disse o economista-chefe do banco Master Paulo Gala.
Paulo Gala destacou ainda que as transferências sociais têm contribuído fortemente para o crescimento além do esperado pontuado pelo Copom. “Benefício de prestação continuada é R$ 100 bilhões, Bolsa Família, R$ 160 bilhões, aposentadorias chegam em quase R$ 1 trilhão, tudo isso é injeção de renda que ativa a economia”.
Sérgio Goldenstein, Estrategista-chefe da Warren Investimentos, enxergou um endurecimento no tom em outros aspectos apontados na ata, como a afirmação de que a projeção de inflação para o horizonte relevante está acima da meta.
Além disso, Goldenstein chamou atenção para a maior preocupação do comitê com o comportamento da taxa de câmbio ao avaliar o cenário externo, citando a depreciação das moedas emergentes no período recente.
A conclusão que o processo desinflacionário arrefeceu e que os níveis de inflação corrente acima da meta, em contexto de dinamismo da atividade econômica, tornam a convergência da inflação à meta mais desafiadora também são ponto de atenção, disse Sérgio.
Juros altos por mais tempo oferecem oportunidades e desafios para investidores brasileiros
Fábio Murad, sócio da Ipê Avaliações, destacou que a decisão do Copom de manter os juros altos por um período prolongado visa ancorar as expectativas de inflação e garantir a estabilidade de preços, apesar do cenário de incerteza. Por isso, investidores brasileiros precisam ser estratégicos para proteger os investimentos.
“Para mitigar riscos e proteger os recursos, os investidores brasileiros podem considerar a diversificação de suas carteiras. ETFs e opções são ferramentas eficazes nesse contexto. Os ETFs permitem a exposição a uma variedade de ativos, desde ações até títulos, proporcionando uma forma de diversificação que reduz a vulnerabilidade a flutuações específicas de mercado”, disse Murad.
Alex Andrade, CEO da Swiss Capital, explica que eventos inesperados, com a queda de mais de 12% na Bolsa Japonesa, na últim segunda-feira (5), podem afetar os mercados financeiros brasileiros, devido à interdependência das economias globais. Por isso, ele também aconselha a diversificação dos portfólios.
“Migrar de investimentos tradicionais para alternativas como incorporadoras ou loteadoras, pode ser uma estratégia eficaz. Esses investimentos não apenas oferecem retornos atrativos, mas também permitem que os investidores participem do crescimento e desenvolvimento do mercado imobiliário”, disse Andrade.